Uma garota morena pernambucana, bonita, não muito alta e com 22 anos. Assim é a jovem que vamos chamar de Sofia*, universitária em uma faculdade de Patos, que decidiu se prostituir para pagar os estudos.
A difícil decisão foi tomada há seis meses. Ela realiza de dois a três encontros por dia, cobrando R$ de 100 a 250 por cada um. Por mês, ela recebe de R$ 5.000 a R$ 6 mil, segundo relata à reportagem.
Ela, como outras estudantes da cidade, vende o corpo para pagar o curso universitário. Em geral as jovens decidem se prostituir quando a família enfrenta problemas econômicos.
Esse é o caso de outra jovem de nome fictício chamada Rebeca*. Ela veio do Rio Grande do Norte para estudar enfermagem aqui na cidade. Quando os pais encontraram dificuldades financeiras, a prostituição foi uma saída.
Ela disse que contou aos pais que estava trabalhando aqui em uma loja de confecções para justificar a ajuda financeira que passou a dar em casa.
– Coloquei um anúncio no orkut e também meus amigos mais próximos passam o meu telefone para os clientes. Meus clientes em geral têm uns 40 anos ou mais, são casados, bem sucedidos e insatisfeitos com a parceira. Por mês, eu consigo receber de R$ 4.000 a 5.000.
Uma delas confessou que já precisou realizar aborto clandestino por duas vezes. "É difícil dizer de quem eu engravidei. Nessa vida, ariscamos demais", confessa ela, acrescentando que só tomou essa atitude para que seus pais não desconfiassem da sua condição, pois assim ela teria tempo para terminar os estudos.
Segundo uma delas, quase todas as jovens escondem a condição de prostituta tanto da família quanto de boa parte dos amigos. Elas relatam que não querem ter essa vida para sempre.
Sofia pertence a esse grupo. Ela quer terminar os estudos, comprar uma casa e investir em novos caminhos da vida. No entanto, diz que os pais não sabem o que ela faz em Patos para conseguir dinheiro.
– Pretendo abrir meu próprio negócio. Também quero casar e ter filhos, por que não?
As duas só aceitaram conversar com a reportagem depois de muita insistência e com a garantia de que seus nomes e outros detalhes de suas identificações não fossem revelados, nem que nada fosse gravado para o rádio.
As duas negaram participar de alguma rede de prostituição na cidade e disseram que preferem realizar seus próprios contatos e negócios. "Conheço gente que estuda e faz programa com agenciadores, mas não vejo futuro nisso", disse uma delas.
Vicente Conserva, do Hora Exata