Espiritualidade, terapia ocupacional e a boa convivência. Esta é a essência da filosofia de trabalho desenvolvido pela comunidade ‘Jesus Pérola Preciosa’ que assiste a jovens com dependência química. Em pouco mais de seis anos o projeto abraçado por voluntários e mantido por doações já assistiu a cerca de 400 rapazes de vários estados nordestinos. Atualmente estão internos 28 pessoas. Em média cada jovem permanece de seis a oito meses na chácara. A ONG, pela eficiência na recuperação de jovens drogados é muito procurada e hoje a fila de espera por uma vaga é de 80 pessoas.
Pastoral de rua – Na chácara moram cinco voluntários. Lanúsia revela que o projeto nasceu de uma pastoral de rua, ligada à igreja católica na cidade de Sousa. A partir das 22 horas Lanúsia e alguns voluntários percorriam ruas e praças da cidade conversando, levando apoio a jovens envolvidos com drogas. Com os contatos, parte desses rapazes começou a procurar apoio na casa de Lanúsia desejando se libertar das drogas. “Eu quero sair das drogas” muitos expressavam essa vontade, diz a coordenadora do projeto ‘Jesus Pérola Preciosa’.
A coordenadora e amigos voluntários idealizaram então um projeto, um ambiente onde pudessem cuidar, assistir a jovens com dependência química. Encontraram então uma pessoa que acreditou na missão do grupo, um produtor rural que doou um terreno na zona rural do município Vieirópolis. Aos poucos foi sendo construída a sede da Comunidade ‘Jesus Pérola Preciosa’.
O local tinha apenas pedras e juremas. Em seis anos de funcionamento o projeto já assistiu cerca de 400 rapazes. A comunidade ainda não dispõe de um ambiente para atender a jovens do sexo feminino mas está nos seus planos de expansão. Lanúsia revela que a entidade já ganhou um terreno de 38 hectares no município de Aparecida, também na microrregião polarizada por Sousa. Quando conseguir apoio financeiro construirá a chácara para abrigar e cuidar de moças com dependência química.
Na chácara em Vieirópolis os rapazes chegam à comunidade ‘Jesus Pérola Preciosa’ enviados pela Pastoral da Sobriedade, um dos movimentos da igreja católica; pelo Conselho Tutelar e alguns são encaminhados pela Justiça. São jovens paraibanos e de outros estados nordestinos a exemplo de Bahia, Maranhão, Ceará e Pernambuco.
Convênio – O trabalho é realizado por voluntários, as famílias dos jovens acolhidos pela equipe coordenada por Lanúsia não pagam mensalidade. A entidade vive de doações. Com o Governo da Paraíba a ‘Jesus Pérola Preciosa’ tem um convênio firmado através do Funcep – Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza no valor anual de R$ 60 mil. O convênio está para ser renovado e o dinheiro é repassado pelo estado em duas parcelas de R$ 30 mil. Para cuidar da segurança da fazenda os familiares dos jovens internos contribuem mensalmente com a doação de apenas R$ 50,00. A soma é repassada ao vigia do local.
Resultados – Lanúsia revela que é muito grande a satisfação quando se tem boas notícias de pessoas que passaram pela comunidade ‘Jesus Pérola Preciosa’. “Temos a alegria de saber notícias de jovens que por aqui passaram e que em sua cidade, seu estado se tornaram voluntários desta causa.
Um rapaz foi assistido durante oito meses e hoje mora e trabalha em Minas Gerais. Recentemente ele enviou pelos Correios uma caixa com muitas roupas. Outros ligam perguntando o que a casa está precisando e fazem doações.
Amor ao próximo – A entidade ‘Jesus Pérola Preciosa’ é uma comunidade de base porque leva em conta a necessidade básica do ser humano que é a qualidade de vida. O lema do projeto é ‘Acolhe o Teu Irmão’. “A nossa grande preocupação é fazer o dependente químico se sentir gente, acolhido, amado”, revela Lanúsia. Alguns jovens chegam à chácara desacreditado até mesmo pela própria família.
“A prática vai nos dizendo que isto aqui dá certo, funciona e que no dia-a-dia nós vamos aprendendo a lhe dar com o dependente químico”, avalia Lanúsia, a professora da rede pública que abriu mão da profissão para cuidar de jovens vítimas das drogas. O projeto nasceu do movimento existente na igreja católica denominado renovação carismática.
Orações – Duas freiras, Mariana e Kiara, moram na chácara, rezam e dialogam com os jovens, ajudam a fortalecer a espiritualidade do projeto. As religiosas vivem enclausuradas, sempre orando para que Deus permita a existência do projeto que contribui com recuperação de pessoas vítimas de drogas, incluindo o álcool.
Apoio – A professora Lanúsia, que é natural da cidade de Pombal, convida as pessoas a visitarem a chácara e a contribuir com doações de roupas, agasalhos, mantimentos e até dinheiro. O telefone é (83) 3521 2350. Contatos podem ser feitos pelo e-mail [email protected]. A entidade necessita da ajuda da prefeitura de Vieirópolis através do programa Pão e Leite mas até então não conseguiu essa colaboração. De acordo com Lanúsia a despesa com alimentos é enorme. Os dependentes químicos nos primeiros três meses de acolhimento comem muito, numa quantidade bem superior ao o que um adulto come em condições normais.
Fonte: Blog Josélio Carneiro