FORTALEZA – Erosão, mato crescendo e obra parada. Foi isso que viu a comissão de 14 deputados federais de oposição à presidente Dilma Rousseff – a maioria do PSDB – ao visitar nesta sexta-feira, 23, trechos das obras de transposição do Rio São Francisco, em Mauriti (CE), a 600 km de Fortaleza.
“A situação é estarrecedora, de descaso total. O custo, que era de R$ 4,8 bilhões, foi reajustado para R$ 8,2 bilhões no início do mês. Só para refazer essa parte que foi danificada pelas constantes paralisações vai se gastar uma fortuna”, disse o deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE). As obras de um dos projetos mais caros do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) começaram em 2007 e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva previa inaugurar a obra em 2010.
Mas a construção de cerca de 600 quilômetros de canais de concreto que desviarão parte das águas do rio ainda deve consumir mais 45 meses.No início de fevereiro Dilma esteve em Mauriti, onde afirmou que os contratos estavam sendo revistos e que os serviços seriam retomados. Ela disse também que novas empresas seriam contratadas para acelerar os trabalhos e consertar trechos danificados. O Estado mostrou ontem que as novas licitações fizeram o preço da transposição aumentar mais de R$ 2,6 bilhões.
Mato. Matos afirmou que foi feito um “arremedo” onde a presidente esteve e só. “Continua tudo abandonado”, informou. “Isso comprova o desprestígio dos atuais governantes locais e desconstrói falsas propagandas sobre a transposição”, comentou o presidente do PSDB cearense, Marcos Cals.
O trecho vistoriado ontem integra o eixo norte do projeto. No local, a comitiva encontrou aterro e escavações prontos, mas viu o canal tomado pelo mato e ameaçado pela erosão. Moradores que abriram mão da produção de caju porque as propriedades ficavam no traçado do canal hoje estão sem fonte de renda.
Os deputados informaram ainda que a 100 quilômetros de Mauriti, em São José das Piranhas, operários feridos num desabamento em abril de 2011 ficaram impedidos de trabalhar por um longo período. As denúncias foram feitas por ex-operários.
Radar com Estadão