Brasil

Cachaça vira exclusividade brasileira

A assinatura do acordo comercial entre Brasil e Estados Unidos, que dá certificação fiscal para a cachaça como bebida de produção exclusivamente brasileira, pode ser um grande passo para a obtenção da denominação de origem do produto na Organização Mundial de Comércio (OMC), segundo avaliação do presidente da Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), César Rosa. Com o reconhecimento da OMC, apenas os produtos fabricados no Brasil e que atendam a determinados padrões poderão ser chamados de cachaça.

- PUBLICIDADE -

O acordo com os EUA foi assinado nesta segunda-feira (9) após encontro do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, que acompanha a presidente Dilma Rousseff em viagem aos Estados Unidos. Em contrapartida, o Brasil vai reconhecer como "legitimamente americanos" os uísques Bourbon e Tenessee.

"O Estados Unidos são o terceiro maior mercado mundial para a cachaça brasileira, mas é o maior mercado consumidor de destilados. O reconhecimento da certificação fiscal da cachaça como produto legítimo e exclusivo do Brasil pelo mercado americano é muito importante para o setor, por vai nos ajudar a negociar na OMC a denominação de origem da nossa cachaça. Desta forma, nenhum outro país poderá dizer que produr cachaça brasileira. A cachaça é nossa, é brasileira", disse Rosa.

A projeção de crescimento do consumo de cachaça brasileira no mercado americano é grande, segundo a Ibrac. "Acreditamos que os EUA sejam, em dois ou três anos, o maior mercado para o nosso produto no mundo. Os EUA são importantes porque além de grande consumidores de destilados, são grandes formadores de opinião e nosso principal alvo. A força deste mercado pode nos ajudar com a OMC", afirmou o presidente da Ibrac.

Para ele, mesmo que ainda não exista a denominação de origem, a certificação fiscal obtida pela cachaça vai exercer esse caráter nos Estados Unidos e acelerar o crescimento da exportação da bebida para os norte-americanos. "O 'rum brasileiro' – como era classificada a bebida brasileira no mercado americano – já entrava nos EUA perdendo, pois há uma proteção fiscal nos EUA para o rum. E há uma diferença química grande entre a fabricação do rum e da cachaça", disse Rosa.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, o Brasil exportou US$ 17,2 milhões em cachaça durante o ano passado. De janeiro a março deste ano, foram exportados US$ 3,2 milhões da bebida.

Impacto emocional
O presidente da Ibrac afirmou que a certificação da cachaça pelo mercado americano ainda não representa um impacto econômico grande. "O impacto emocional é maior, por enquanto. Foram mais de 40 anos de negociação entre os governos dos dois países e de repesentantes do setor. Eu, pessoalmente, participei de oito anos dessa negociação. Hoje, com certeza, podemos dizer que a assinatura desta acordo é um marco para os produtores brasileiros de cachaça", disse Rosa.

'Caráter típico'
Com a mudança, avaliou o Ministério do Desenvolvimento, a promoção da cachaça no mercado norte-americano poderá levar em conta seu "caráter típico, tradicional" e também fica proibido o uso da denominação "cachaça" por empresas de outros países. Em 2011, as exportações de cachaça somaram US$ 17,3 milhões para todo o mundo. Desse total, US$ 1,8 milhão, pouco mais de 10%, foi vendido para os Estados Unidos.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, além de garantir que a cachaça se trata de uma bebida típica e exclusiva do Brasil, o reconhecimento vai permitir às empresas brasileiras venderem o destilado nos Estados Unidos apenas com o nome de cachaça.

'Brazilian Rum' nos rótulos

"Como a classificação de bebidas nos Estados Unidos baseia-se na matéria-prima de origem e, o rum e a cachaça são produzidos a partir da cana-de-açúcar, e o rótulo das garrafas da bebida brasileira, desde 2000, deveria conter a expressão 'Brazilian Rum' (rum brasileiro), sem permitir a diferenciação dos dois destilados, dos seus parâmetros físico-químicos e das suas características sensoriais", informou o MDIC.

Redação com G1

 

Deixe uma resposta