A Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (Seap) realizou, na manhã desta sexta-feira (8), a transferência de 210 apenados do Complexo Penitenciário de Segurança Máxima Romeu Gonçalves Abrantes (PB1 e PB2), em João Pessoa, para outros presídios na Capital, em Patos e em Cajazeiras.
O objetivo é reduzir temporariamente a população carcerária do complexo, para que sejam executadas obras de recuperação da estrutura física da unidade, danificada durante rebelião dos presos, ocorrida no dia 29 de maio. A previsão é que os serviços sejam concluídos dentro de 60 dias, possibilitando o retorno dos detentos.
A operação foi coordenada pela Gerência do Sistema Penitenciário (Gesipe). De acordo com o tenente coronel Arnaldo Sobrinho, gerente executivo da Gesipe, a ação já estava programada há uma semana. "Estávamos aguardando o momento mais oportuno para viabilizar essa transferência, até mesmo pela necessidade de montarmos a estrutura logística para execução”, explicou.
Do total de presos transferidos, 90 foram destinados as penitenciárias Desembargador Sílvio Porto e à de Segurança Máxima Criminalista Geraldo Beltrão, ambas na Capital; 40 para a penitenciária de Patos; e outros 80 para a de Cajazeiras.
A transferência teve início por volta das 10h. O primeiro comboio transportou os detentos em veículos pequenos, pertencentes à escolta penitenciária da Seap, para os presídios de João Pessoa. Em seguida, os demais presos foram encaminhados em quatro ônibus – sendo um para João Pessoa e os demais para o interior.
Para a execução da transferência, foi utilizado um efetivo de cerca de 300 pessoas. "Utilizamos um forte aparato de segurança que incluiu o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar, Bombeiros militares e agentes penitenciários, além do apoio da Polícia Rodoviária Federal, já que parte do trajeto corresponde a rodovias federais”, explicou.
Com a transferência, o Complexo Penitenciário de Segurança Máxima Romeu Gonçalves Abrantes agora se encontra com o prédio do PB2 completamente vazio. Já o do PB1 segue abrigando 290 detentos. "Na próxima semana, esperamos retomar a rotina normal da unidade, com assistência jurídica e à saúde, visita familiar, ações de pastorais, entre outros”, disse o coronel Arnaldo.
Segurança reforçada – As unidades prisionais que estão recebendo os detentos ganharam reforço policial, para assegurar que a rotina com a nova população carcerária siga de maneira adequada. "Fizemos uma análise preliminar de como seria possível viabilizar a questão da segurança das unidades. Chegamos a conclusão que seria possível fazer essa divisão sem alterar a rotina dessas penitenciárias. Cada uma delas receberá reforço da Polícia Militar, sobretudo para segurança nas guaritas, e de agentes penitenciários”, explicou o coronel Arnaldo.
Rebelião e reforma – Na noite do dia 29 de maio, o Serviço de Inteligência do Sistema Penitenciário tomou conhecimento de um princípio de rebelião no Complexo de Segurança Máxima PB1 e PB2. De imediato, foi mobilizado um efetivo policial e criado um comitê formado pelas Secretarias de Segurança e Defesa Social, Administração Penitenciária, Comando da Polícia Militar, Bombeiros e Pastoral Carcerária com intuito de estabelecer um canal de negociação com os presos amotinados. No dia seguinte, a situação foi controlada.
A reforma no Complexo Penitenciário teve início ainda na semana passada. Um pavilhão do PB1 teve portas arrancadas e paredes destruídas, durante a rebelião. O PB2 também ficou com pavilhões e refeitório danificados. Três dos quatro pavilhões da unidade acabaram destruídos. Desde então, os detentos ficaram alojados num local adaptado, dentro do complexo.
De acordo com o coronel Arnaldo, a estimativa é que as obras sejam concluídas dentro de dois meses. "Estimamos que durante o avançar dos serviços de recuperação, a gente possa paulatinamente trazer de volta os apenados para custódia e cumprimento da pena no local onde efetivamente estão vinculados perante a Vara de Justiça”, destacou.