O jovem Jadlly Kledson Figueiredo Serafim da Silva, 19 anos, foi solto nesta quinta-feira, 20, depois de ficar dez meses recolhido ao presídio de Patos, acusado por um crime que não cometeu. A mesma juíza que decretou sua prisão; agora reconhece sua inocência ao não aceitar a denúncia do Ministério Público, mas o estrago já foi feito.
Toda a angústia e sofrimento do rapaz foram amenizados pela liberdade, mas a dor e o prejuízo moral dele e de seus familiares são insanáveis. A espera foi longa e dolorida, mas a Justiça reparou seu próprio erro, embora tardiamente e depois de arrasar uma família inteira.
Jadlly Kledson, cuja família é de Itaporanga, foi uma das sete pessoas presas durante a Operação Laços de Sangue comanda pelos delegados Cristiano Jaques e Simone Freire Macieira e desencadeada no dia 26 de setembro de 2011 em Patos e Catolé do Rocha para prender supostos envolvidos em um esquema de pistolagem na briga entre as famílias Suassuna e Oliveira.
A investigação policial começou a partir do assassinato de um membro da família Suassuna que cumpria pena no regime semiaberto no presídio de Patos. Jadlly foi acusado de conduzir o pistoleiro em uma moto até o local do crime, mas a acusação dos dois delegados, com base na qual a juíza Higyna Bezerra decretou a prisão temporária e, depois, a preventiva do rapaz, não tem fundamento, de acordo com o despacho judicial desta quinta-feira.
A denúncia e a luta da defesa
Ao analisar a denúncia apresentada pelo Ministério Público e a defesa do rapaz, a cargo dos advogados Maria Ivonete de Figueiredo (Lolosa) e Alexandro Figueiredo Rosas, a juíza Higyna Bezerra, da 1ª Vara Criminal de Patos, decidiu não acatar a denúncia dos promotores e sentenciou pela soltura imediata do jovem, que agora tem a possibilidade de reconstruir sua vida, despedaçada por uma prisão desnecessária e que se mostrou ilegal.
Durante todo esse tempo, a defesa do rapaz tentou fazer ver à Justiça a inconsistência dos argumentos que alicerçavam a prisão, mas todos os pedidos de revogação de prisão preventiva e habeas corpus foram negados pelo judiciário, que somente agora reparou seu equivoco ao rejeitar a denúncia do Ministério Público, com atuação dos promotores Miriam Vasconcelos, Octávio Gundim Neto, Herbert Vitorino Serafim de Carvalho, Rafael Linhares, Niwton Vilhena e Romualdo Dias, integrantes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).
De acordo com a drª Lolosa Figueiredo, advogada e tia do jovem, o rapaz foi vítima de uma brutal injustiça, resultado de uma sucessão de erros, que começaram com a polícia, foram sequenciados pelo Ministério Público e culminaram com a decretação, pela Justiça, da prisão temporária e, depois, da preventiva de Jadlly Figueiredo, que, além de todo dano moral sofrido, também perdeu o emprego e teve sua trajetória normal de vida bruscamente interrompida.
A advogada pretende processar o Estado por todo o dano causado ao rapaz, que nunca tinha sido preso antes, mas experimentou o gosto amargo de uma prisão durante dez meses em face de uma operação policial que repercutiu em todo o país, depois de sua aparição no Fantástico, da TV Globo, mas deixou rastros de arbitrariedades e injustiças, conforme a advogada.
Folha do Vali