Policial

PB tem 84 cidades sem nenhum assassinato

Em 84 cidades da Paraíba, o velho hábito de conversar na calçada e até dormir com as janelas da casa abertas ou portas destrancadas ainda é rotina. Nestes municípios não foi registrado nenhum caso de Crime Violento Letal Intencional (CVLI) este ano, conforme a Secretaria Estadual de Segurança e Defesa Social (Seds), o que representa 37,67% do total de municípios paraibanos. O levantamento da secretaria exclui os casos de homicídio culposo (sem intenção de matar) e atentados contra a vida.

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Na cidade de Capim, na Mata paraibana, as únicas notícias de assassinatos são obtidas através dos noticiários. As portas e janelas sem grades, além do banquinho posicionado à sombra de uma árvore integram o cenário de tranquilidade da casa de Maria de Lourdes de França, de 70 anos, que mora na localidade há 45 anos.

Os muros altos, estratégias adotadas por moradores dos grandes centros urbanos para se protegerem da violência, não fazem parte do cenário de Capim. Nenhum muro separa as residências umas das outras ou da rodovia, possibilitando que Maria de Lourdes brinque com os netos na frente de casa, enquanto observa a movimentação de veículos.

Nascido e criado em Capim, o comerciante José João de Barros teme que a violência vista através da televisão chegue ao município. “Eu não tenho medo porque aqui é muito calmo e a violência que a gente tem conhecimento acontece nas grandes cidades. Moro aqui há 30 anos e nunca vi local melhor para viver”, afirmou José de Barros, acrescentando que o último homicídio registrado no município ocorreu no primeiro semestre do ano passado.

MEDO DE ASSALTOS
Na cidade, que possui 5.601 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os comerciantes temem os assaltos, que são praticados principalmente por criminosos de outros municípios. Uma das vítimas foi Ane Taize Melo, proprietária de um mercadinho que foi assaltado há três meses, por dois homens que estavam em uma moto.

“Quando uma moto vem se aproximando eu já fico assustada.

Na última vez eu estava com o meu filho de 10 meses no colo, e um deles ficou apontando a arma para minha cabeça. A gente consegue perceber que são pessoas de outras cidades que vêm até aqui assaltar. Quando vai se aproximando das 18h a gente começa a fechar tudo”, contou Ane Taize.

Com o fim do expediente de trabalho, a comerciante se reúne em uma roda de conversas com a família na frente de casa. “Apesar dos assaltos, a cidade é tranquila e possibilita que a gente ainda possa ficar conversando na frente de casa”, concluiu Ane Taize.

Para se proteger dos assaltos, uma distribuidora de gás da cidade adotou a estratégia de só realizar atendimento com as portas fechadas. “A gente fica com a porta fechada porque o policiamento é insuficiente. Nosso vizinho já foi assaltado duas vezes e eu tenho medo que isso também aconteça aqui”, afirmou a funcionária Priscila de Fátima.

JP Online

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