A boataria criada no cenário político de que ocorreria, ontem, um encontro reservado entre o governador e presidenciável Eduardo Campos (PSB-PE) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – especulada após o líder maior petista ter elogiado publicamente o pernambucano durante visita ao Senado, há quase duas semanas, e ter chamado o socialista para uma conversa – serviu apenas para despistar a imprensa e os curiosos de plantão. Após palestrar, ontem, no Núcleo de Altos Temas, em São Paulo, o governador não se encontrou com o ex-presidente simplesmente porque a conversa já havia acontecido.
Três dias antes de Lula fazer a declaração, os dois estiveram juntos por mais de três horas em um hotel da capital paulista. Na ocasião, do seu jeito, o ex-presidente disse ao governador que gostaria de tê-lo, bem como seu partido, na base de apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2014.
Apesar de externar o desejo, o ex-presidente Lula ouviu do aliado socialista – gentilmente – que a retirada de sua movimentação não estaria sendo colocada em discussão no PSB e que qualquer definição sobre 2014 seria precipitada. Eduardo deixou claro que não seria estratégico para seu partido retirar “o bloco da rua”.
O governador quer manter a animação dos correligionários com a elaboração de um programa de governo e, principalmente, com a conquista de novos filiados, já que o prazo para mudança de partido se encerra em menos de dois meses – para que os postulantes possam disputar a eleição em 2014, a legislação eleitoral estabelece o calendário de novas filiações até 5 de outubro.
Diante do que foi dito, Lula e Eduardo combinaram, então, de voltar a conversar em um segundo encontro reservado, após o prazo de filiação partidária. Por entender que o ex-presidente é uma das peças mais importantes do xadrez eleitoral do próximo ano, o governador ressaltou a relação pessoal que mantinham como principal argumento para os próximos diálogos. Os dois seguirão “trocando sinais” até o momento de definição do jogo eleitoral.
Assim, no último dia 14, o ex-presidente aproveitou para afagar publicamente o pernambucano, ao dizer que não vê Eduardo “em dívida” com ele e frisando que respeitará sua decisão de disputar à Presidência da República, caso se a postulação se concretize.
Desfazendo o clima que mais irritou Eduardo durante a disputa eleitoral do ano passado – quando foi chamado pelo PT de Pernambuco de “traidor” –, Lula disparou: “Ele tem maioridade, tem um partido político, portanto não se trata de alguém trair alguém”.
Ontem, após uma palestra em São Paulo, Eduardo seguiu direto para Maceió (AL), onde participa, hoje, a reunião do Conselho Deliberativo da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
JC Online