Brasil

Transposição é realidade para comunidades afetadas

A água ainda não correu pelos canais da transposição do Rio São Francisco, mas já transformou a vida de pelo 850 famílias, que deixaram ou estão por deixar suas casas no Sertão nordestino.

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O padre Sebastião Gonçalves, da Comissão Pastoral da Terra, costuma percorrer de motocicleta várias comunidades na zona dos canais. Segundo ele, é possível ver um impacto generalizado por onde passa a obra, mas, até o momento o maior legado do projeto é o “conflito”. “No início dos trabalhos da obra havia uma credibilidade muito grande. O sertanejo nesta terra semiárida acolheu (a transposição) com uma esperança muito grande. Mas com as perdas (…) hoje o sertanejo está com o pé atrás”, disse, em frente a sua paróquia em Carnaubeira da Penha (PE). “Na Agrovila 6, que fica no Eixo Leste da transposição, os operários chegaram, ocuparam o campo de futebol da comunidade. Muitas casas estão rachadas com as explosões da obra, há um grande problema com a poeira, problemas respiratórios. A grande questão é que as empreiteiras muitas vezes ignoram os moradores, é uma relação arbitrária”, disse.

Na cidade de Crato (CE), o sociólogo Gustavo Ramos, da Universidade Federal do Cariri, tem opinião parecida.

Ramos acompanha uma comunidade atingida pelas obras do Cinturão das Águas, que forma parte da rede de distribuição das águas da transposição, a cargo do governo cearense. “O que a gente vê no geral é que essas políticas são pensadas nas estâncias superiores do Estado, com os setores da construção civil e do agronegócio. As comunidades impactadas pouco sabem da gestão dessas políticas”, disse.


Diário da Manhã
DA BBC NEWS

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