Paraíba

Mulheres são chefes de família em 500 mil lares paraibanos

Mais de meio milhão de domicílios paraibanos são chefiados por mulheres, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Há 5 anos, esse número era de 306 mil domicílios com mulheres como chefes do lar; há 10 anos, 311 mil. O divórcio, a renda mais alta que a do marido e os programas sociais estão entre as razões que explicam a autoridade feminina nos lares paraibanos.

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Um desses casos tem como protagonista a professora e estudante de direito Cristiane de Albuquerque, que assumiu o comando da casa após se divorciar há cerca de 1 ano. Com um filho pequeno, ela não se acanhou diante do desafio de dar conta de uma casa. Ao longo dos meses, Cristiane, que mora em João Pessoa, conta que foi se adaptando ao ‘novo cargo’ e às responsabilidades de casa.

Apesar de todo o esforço que a faz ser admirada por familiares e amigos, a professora revelou que ainda percebe traços de preconceito por ser uma mulher divorciada, como se apenas isso importasse. “Tenho muitas responsabilidades como chefe do lar. Preciso conciliar trabalho e estudo e dar conta da casa e do meu filho”, declarou Cristiane.

Ser a provedora da casa é uma tarefa árdua para a professora, que não tem secretária do lar e, portanto, tem que dar conta também das tarefas domésticas sem ajuda de ninguém. “Nas minhas condições é uma tarefa árdua, sem dúvida. Porém, tenho a sensação de exercer as obrigações que me são impostas da melhor forma, dentro das minhas limitações”, explicou. Em meio a tantas responsabilidades, ela disse que o apoio da mãe se torna fundamental.

O divórcio também foi a ponte para que a educadora física Íris Costa se tornasse a chefe do seu lar. Conseguir organizar a vida da filha, que inclui escola, atividades extras, provas e alimentação e garantir o equilíbrio das contas da casa configura, para Íris, o principal desafio. “É preciso saber quais despesas são fixas e incluir as extras de forma que ao final tudo seja resolvido”, afirmou a educadora.

Sobre os dados da Pnad, Íris declarou que enxerga essa realidade com otimismo. “Isso mostra que nós, mulheres, também temos lugar no mercado de trabalho e conseguimos conduzir uma casa sozinha, muitas vezes pela necessidade que surge após o divórcio ou por várias outras situações”, disse. Ela revelou que para manter a vida financeira organizada, costuma anotar todos os compromissos. Para cuidar da filha conta com a ajuda da mãe e da ex-sogra. “As despesas financeiras com minha filha, como escola e plano de saúde, são divididas com meu ex-marido”, frisou.

No ano de 2012, a Paraíba teve 5.118 divórcios em primeira instância, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na maioria dos casos (2.312) a mulher foi a responsável pela guarda dos filhos. No mesmo ano, a Paraíba registrou 20.475 casamentos no civil.

Conforme o IBGE, são 507 mil mulheres chefiando lares na Paraíba contra 780 mil homens com a mesma função, independentemente do estado civil. Entre as pessoas casadas, os maridos ainda são os principais provedores do lar: 669 mil deles contra 156 mil delas. O número de filhos que são chefes do lar, segundo o IBGE, é de 1,506 milhão no Estado, sendo a maioria deles do sexo masculino. Ainda de acordo com os dados, 279 mil lares paraibanos têm como pessoa de referência outro parente, como tio, primo, irmão, etc.

Valéria Sinésio
Jornal da Paraíba

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