O Ministério da Integração Nacional afirmou, por meio de nota, que a obra da transposição do rio São Francisco, que levará água para 390 cidades do semiárido brasileiro, estará pronta no prazo estipulado: dezembro de 2015.
Reportagem do EL PAÍS esteve no local durante quatro dias e visitou diversos canteiros da obra e presenciou situações que indicavam que, dificilmente, o prazo será cumprido. É o caso de uma área próxima ao centro do município de Floresta, o assentamento Serra Negra, onde as máquinas ainda estavam escavando o local onde passará o canal. “No fim de outubro, 67,5% da obra estavam concluídas, a despeito dos atrasos ocorridos antes da revisão dos contratos de licitação, ocorrida em 2011. O prazo anunciado para a conclusão, dezembro de 2015, é compatível com o ritmo atual, ainda que alguns trechos estejam menos adiantados, algo natural em um projeto desta envergadura”, disse o órgão.
Dividida em seis metas, ao longo de dois eixos (Leste e Norte), há situações muito díspares entre os pedaços da construção. Enquanto a primeira meta, por onde a água do São Francisco já está passando, está 92,1% concluída, há trechos como o da meta três, do Eixo Leste, de 34 quilômetros entre os municípios de Custódia (Pernambuco) e Monteiro (Paraíba), com 27,7% executados. É a mais atrasada, seguida pela meta dois, do trecho Norte, com 39 quilômetros, que tem 35,5% realizados.
“Vale ressaltar que hoje 11 mil funcionários trabalham nas obras do Programa de Integração do São Francisco, o qual, segundo levantamento recente da consultoria KPMG, é um dos 100 empreendimentos mais relevantes de infraestrutura do planeta no momento”, afirmou, também na nota.
O órgão também assegura que a transposição servirá para reforçar os sistemas municipais de distribuição hídrica das cidades beneficiadas nos Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. “A água será usada, portanto, por residências e empresas ligadas a esses sistemas de distribuição, bem como para matar a sede da população em 325 comunidades rurais difusas na região”. A obra gera desconfiança em parte da população e de ativistas, como o padre Sebastião Gonçalves da Silva, destacado pela igreja para acompanhar os afetados pela construção, que acreditam que apenas o agronegócio lucrará com a grandiosa estrutura.
O ministério afirma ainda que a população da região “sem dúvida enfrenta sérias dificuldades”, mas que tem água para beber por meio do abastecimento feito por carros-pipa contratados pelo Governo federal e distribuídos pelo Exército. “Até o momento, o Ministério da Integração Nacional contratou 6.541 carros-pipa, o que minimizou o sofrimento de 3,8 milhões de cidadãos no semiárido nordestino e norte de Minas Gerais”.
EL PAíS