Mais de 80 mil vestígios arqueológicos e paleontológicos foram encontrados durante a execução das obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF). A descoberta mais emblemática até agora foram os ossos de uma preguiça gigante (Eremotherium sp.) associados a vestígios da cultura material do homem pré-histórico.
Esse animal tinha cerca de seis metros de altura e viveu no Brasil há quase 12 mil anos, segundo o Instituto Nacional de Arqueologia, Paleontologia e Ambiente do Semiárido (Inapas), que conduz o Programa de Identificação e Salvamento de Bens Arqueológicos do empreendimento.
O fóssil foi encontrado no sítio arqueológico Lagoa Uri de Cima, no município de Salgueiro (PE), um dos mais profícuos da região. Os estudos realizados neste sítio pernambucano demonstraram que, mesmo durante o período úmido, a região vivenciou momentos de estiagem prolongada há 10 mil anos.
O Programa de Identificação e Salvamento de Bens Arqueológicos integra as condicionantes ambientais estabelecidas dentro do PISF e recebeu investimentos de cerca de R$ 80 milhões do Ministério da Integração Nacional (MI). Além do salvamento, a atividade tem o objetivo de assegurar o registro do patrimônio cultural arqueológico evidenciado durante a implantação da obra.
Artigos sobre os achados são publicados pelos pesquisadores na revista Fumdhamentos, disponível no site da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham). Os trabalhos em campo são realizados em conjunto com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a Fundação Oswaldo Cruz e a Universidade Regional do Cariri, que constituem o Inapas.
Todos os vestígios são guardados na sede da Fumdham, em São Raimundo Nonato (PI), onde são distribuídos em laboratórios específicos de acordo com a sua natureza. Lá eles são fotografados, inventariados, classificados e inseridos em um banco de dados. A legislação brasileira institui a identificação e o salvamento arqueológico durante a implantação de projetos de grande porte no território nacional.
Obras do PAC aquecem setor de arqueologia
A exigência de emissão de licenciamento ambiental para grandes obras de infraestrutura no país, como é o caso dos cerca de 30 mil empreendimentos em andamento no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), fez ampliar a área de atuação dos arqueólogos
Confira aqui reportagem que fizemos em 2011 sobre o impacto do PAC na arqueologia brasileira, na qual entrevistamos Maria Clara Migliaccio, diretora no Centro Nacional de Arqueologia (CNA) do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão vinculado ao Ministério da Cultura e responsável pelo supervisionamento do trabalho dos arqueólogos. Para ela, “não há dúvidas de que o PAC incrementou ainda mais o número de grandes projetos e ampliou muito as possibilidades para os arqueólogos”. Estudo realizado em 2010 pelo CNA mostra que o total de pesquisas arqueológicas saltou de 5 em 1991 para 969 em 2010.
Informações do Ministério da Integração Nacional.