O médico Venilton Olanda, de 59 anos, teve uma surpresa nada agradável ao chegar para trabalhar na manhã desta terça-feira, 26, na Unidade Mista de Saúde da cidade de Serra Grande. Além dos 50 pacientes que o esperavam, quem também o aguardava era uma funcionária municipal encarregada de transmitir ao médico o aviso de que ele havia sido demitido pelo prefeito.
“Ela disse que eu tinha sido demitido ontem, e eu cobrei um documento formal da demissão, mas o que essa funcionária de nome Nanan me disse foi que o documento seria me enviado pelos Correios”, comentou dr. Venilton, que classificou a decisão do prefeito como irresponsável, inconsequente e criminosa: “como é que se demite o único médico estatutário da cidade, deixando a população sem atendimento?”, questionou.
Mesmo avisado de que estava demitido e impedido de atender dentro da unidade de saúde, o médico cumpriu seu juramento profissional e reuniu todos os pacientes embaixo de um pé de castanhola e atendeu dezenas de pessoas durante toda a manhã no meio da rua. “Eu não poderia deixar tanta gente doente sem atendimento médico: grávidas, crianças e idosos, todos esperando por mim”, comentou o médico, que utilizou uma folha de caderno para prescrever os remédios.
Depois de atender todos os pacientes, o médico foi até Itaporanga, onde registrou um Boletim de Ocorrência (BO) na delegacia seccional. “Esse documento policial é somente para registrar que eu compareci ao trabalho e lá recebi um aviso de que estava demitido, e, mesmo assim, cumpri minha responsabilidade médica, mesmo no meio da rua: quero me resguardar de qualquer acusação que venham a me fazer”, disse.
Venilton Olanda ainda afirmou que há quase quatro décadas atende a população de Serra Grande e é concursado há mais de oito anos, mas começou a ser perseguido na atual gestão municipal, depois da chegada do médico cubano à cidade. Dr. Venilton conta que, inicialmente, reduziram seu salário em 90% e, em função disso, o médico diminuiu os dias de atendimento, motivando o prefeito a abrir uma sindicância contra ele. “Mas eu não respondi a sindicância, porque era coisa para se resolver na Justiça”, comentou ele, que chegou a denunciar sua redução salarial no Ministério Público e pretende reaver seu emprego judicialmente.
“Meus pacientes podem ficar tranquilos, porque eu atendo em Serra Grande não é por dinheiro, mas porque gosto da cidade, que também não pode ficar sem médico”, argumentou dr. Venilton, que é de Cajazeiras e, atualmente, reside em Bonito de Santa Fé.
Com Folhadovali