Cultura

Jogo paraibano mescla características do Sertão com herói dos quadrinhos

Jogo Lampião Verde, criado por paraibanos (Foto: Divulgação/Narsvera)Nas profundezas do Sertão nordestino, lutando contra as criaturas mais místicas do Nordeste, um cangaceiro morimbundo com superpoderes enfrenta os perigos e as armadilhas em busca de uma botija mal-assombrada. Esta é a saga do Lampião Verde, personagem de um jogo de computador produzido pela empresa paraibana Narsvera, composta por um grupo de seis pessoas, todas de Campina Grande. O jogo “Lampião Verde – A maldição da botija” só deve ficar pronto em setembro do ano que vem, mas a produção já dura um ano. Segundo um dos idealizadores do projeto, o engenheiro elétrico Rubem Medeiros, a ideia é retratar a atmosfera nordestina no jogo.

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“Estamos elaborando o jogo há um ano. Todo esse tempo serviu para construir um universo coeso que ao mesmo tempo tivesse apelo ao jogadores, retratasse as diversas facetas da cultura nordestina como a literatura, vestimentas, fauna, flora, manifestações de rua, ritmos, etc. Estamos há 3 meses na “mão da massa” do jogo e precisamos de mais um ano para finalizá-lo. Previsão do término é setembro de 2016. Em termos de mecânica, o jogo combina elementos RPG, jogo de plataformas 3D, combates com física, elementos de roguelike e ritmo ”, explicou.

Além de Rubem, o projeto conta com Vito Quintans (graduado em Arte e Mídia), Tácio Medeiros (graduado em Engenharia Mecatrônica), Ari Rodrigues (graduado em Composição Musical), Edvânia Aguiar (graduada em Letras) e Giancarlo Galdino (graduado em Arte e Mídia). Toda a equipe foi responsável pela elaboração das ideias do jogo e também do nome, referência clara ao personagem Lanterna Verde, da editora norte-americana DC Comics.

Mapa do jogo Lampião Verde, criado por paraibanos  (Foto: Divulgação/Narsvera)
Mapa do jogo Lampião Verde tem vários reinos que fazem referência ao Nordeste (Foto: Divulgação/Narsvera

“A inspiração inicial foi inegavelmente o Lanterna Verde e a paródia óbvia com o Lampião. Porém, não estamos contando uma paródia ou cópia do super-herói americano. Estamos contando uma história muito nordestina, com personagens e criaturas do imaginário nordestino e tudo isso dialogando com elementos da cultura pop universal. Pode parecer estranho, mas nossas influências para fazer o game, não vieram de outros jogos a priori, mas sim da fusão do imaginário do Nordeste com a cultura pop, especialmente os quadrinhos de super-heróis. A inspiração da narrativa vem especialmente das obras de Elomar Figueira Mello, Ariano Suassuna, literatura de cordel, cultura oral dos cantadores e do cineasta Glauber Rocha”, disse Rubem, que explicou ainda a narrativa do jogo.

“Ao resgatar uma botija mágica, Lampião, já idoso, deixa de ser um velho moribundo e transforma-se no Lampião Verde, ganha poderes mas ao mesmo tempo desperta as visagens de todos que matou na vida. Na peleja com as visagens, todos são sugados para dentro da botija, passagem para o Sertão Profundo, local onde se passa a sua aventura. Lampião, ao mesmo tempo que renega o seu chamado de herói, precisa acertar as contas com o seu passado e salvar o Sertão Profundo que está sendo corrompido pelo Bando das Visagens Malassombrosas”, relatou.

Para aprimorar o projeto, o grupo está fazendo uma espécie de “vaquinha virtual”. De acordo com Rubem, a equipe tem como objetivo primário arrecadar R$ 30 mil para tocar o projeto.

“A ideia do crowdfunding (financiamento coletivo) surgiu pela necessidade de desenvolver uma comunidade engajada com o jogo. Além de, claro, precisarmos do investimento para potencializar o projeto, queremos especialmente construir o jogo junto com os jogadores, enviando versões de teste mensalmente e escutando as sugestões e críticas ao passo que desenvolvemos o jogo”, explicou Rubem.

Esse não é o primeiro jogo produzido pelo grupo. Eles já lançaram outros games, como o Danças da Paraíba, em que o jogador dança forró por meio do celular. Rubem também falou que, apesar de agora ser RPG, o jogo não começou com este estilo.

“Já fizemos vários jogos pequenos e publicamos um jogo para celular, o Danças da Paraíba, onde o jogador pode dançar forró no celular. O Lampião Verde não começou como um RPG. Durante todo o ano de pré-produção, fizemos vários testes de mercado para saber em que tipo de jogo nossos possíveis jogadores gostariam ver o Lampião Verde. O RPG é um gênero de jogo em que é possível dar um bom enfoque em narrativa, mostrar toda uma concepção de mundo e vários personagens diferentes, exatamento o que precisamos para integrar toda essa rica cultura nordestina”, finalizou.

Do G1 PB

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