Zabé da Loca, a pifeira ícone da região do Cariri Paraibano conhecida por morar durante 25 anos em uma casa improvisada de pedra, completou nesta quinta-feira (12) 93 anos.
Na ocasião, a prefeita de Monteiro Anna Lorena emitiu nota parabenizando uma das mais representatividades culturais da cidade. Para Anna Lorena, Zabé é um dos principais símbolos da cultura monteirense e é uma das principais atrações culturais do município em todos os recantos do país e até do exterior, aonde inclusive teve oportunidade de se apresentar e ser homenageada.
ZABÉ DA LOCA
Isabel Marques da Silva, mais conhecida como Zabé da Loca, é uma pifeira brasileira. Nasceu em Buíque, Pernambuco, em 12 de Janeiro de 1924. Seu apelido se deriva do fato de ter vivido por mais de 25 anos em uma loca (ou gruta), fechada por duas paredes de taipa em um sítio nas proximidades de Monteiro, Paraíba.
Em 2003, gravou seu primeiro CD, Canto do Semi-Árido, com composições próprias e uma versão de Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.
Apresentou-se em 2004 no Fórum Cultural Mundial, ao lado de Hermeto Pascoal. Em 2007, gravou o CD Bom Todo, lançado no ano seguinte no Sesc Pompéia, em São Paulo. Ainda em 2008, recebeu a Ordem ao Mérito Cultural, do Ministério da Cultura. Também foi eleita “Revelação da Música Brasileira”, no Prêmio da Música Brasileira.
Tornou-se conhecida como Zabé da Loca quando morou por 25 anos numa loca. Retirou-se do sertão pernambucano para a Paraíba ainda menina. Conheceu logo o trabalho rural, sem chances de frequentar a escola. Aos sete anos aprendeu a tocar “pife” com o irmão Aristides, do qual, já adulta, não soube mais o paradeiro.
Dos 15 irmãos, Zabé viu morrer oito, de fome, sede e doença. Passou a vida entre o trabalho com a enxada e o ofício do pífano. De aparência frágil, com 1 metro e meio de altura, olhos azuis e rosto, desde cedo, marcado pelo trabalho ao solo, teve que conviver com o assédio dos donos das fazendas em que trabalhou quando jovem. Por conta desta situação, engravidou e deu a luz a uma menina. Mais tarde, encontrou seu companheiro, Delmiro, de quem mais tarde ficou viúva, e com quem teve dois filhos.
Com grandes dificuldades de ordem financeira, ao ter sua casa desmoronada, Zabé foi morar com a família sob duas pedras na Serra do Tungão, permanecendo lá por 25 anos. Precisando trabalhar na roça, e não tendo com quem deixar as crianças, cavava buracos no chão, sob as sombras das árvores, cobrindo-os com trapos, para que ficassem ali protegidas até o fim de sua jornada de trabalho. Em 2003, passou a morar no assentamento Santa Catarina, município de Monteiro, sertão do Cariri na Paraíba, distante 322 quilômetros de João Pessoa. A loca de Zabé continua intocável e transformou-se em um ponto de visitação turística e de preservação cultural.
Redação com Paraíba Já