Deputado paraibano repudia ataque a mãe de santo e lamenta índices de preconceito no Brasil
Repercutiu nesta segunda-feira, 9, na Câmara Federal, através do pronunciamento do deputado federal Luiz Couto (PT-PB) a violência sofrida pela mãe de santo Carmen de Oxum, no Rio de Janeiro. Uma matéria veiculada no programa Fantástico, da Rede Globo, mostrou que ela foi ameaçada por bandidos de armas em punho e obrigada a destruir o terreiro onde praticava sua religião, no mês de setembro. Os algozes se diziam evangélicos e a acusaram de cultuar o demônio. “Não concordo que eles sejam evangélicos porque se fossem não fariam aquilo. Disseram que daquela vez haveria ‘diálogo’, mas de uma próxima, ela seria morta. Não pode acontecer isso. Fica o nosso repúdio a posições como esta”, disse Couto.
O parlamentar petista lamentou, de maneira geral, o preconceito que existe no Brasil em duas diversas modalidades. “Em nosso País tem crescido uma postura cada vez mais intolerante, cada vez mais machista e cada vez mais preconceituosa. São pessoas e organizações que, com seus posicionamentos criminosos, matam os sonhos de crianças, de jovens e de adultos, só com sua atitude ameaçadora e carregada de ódio”.
A referência de Luiz Couto foi a dados concretos de uma pesquisa nacional do IBOPE, que ouviu 2 mil pessoas em todo o País e revelou que 7 em cada 10 brasileiros já fizeram comentários preconceituosos, 99% dos brasileiros já viram ou praticaram atos de machismo, 97% viram ou praticaram atos de intolerância e racismo, enquanto 97% dos brasileiros viram ou praticaram manifestações contra gays, lésbicas, bissexuais e homossexuais, em finalmente, 92% dos brasileiros já ouviram ou praticaram atos da chamada gordofobia.
A pesquisa mostrou ainda as frases preconceituosas mais comuns citadas entre brasileiros, que são: “Ela tem o cabelo ruim”, ouvida ou proferida por 70% dos brasileiros; “Ela está vestida igual a uma vadia”, ouvida ou proferida por 68% dos brasileiros; “Pode ser gay, mas não precisa beijar em público”, ouvida ou proferida por 58% dos entrevistados.
Segundo dados da Secretaria Especial de Direitos Humanos, entre 2011 e 2015 o Brasil teve 697 denúncias de intolerância religiosa, especialmente na Capital fluminense. O Estado do Rio de Janeiro lidera o ranking, com maior número de denúncias de casos de discriminação, que têm como principal alvo as religiões afro-brasileiras.
No Brasil, a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, alterada pela Lei nº 9.459, de 15 de maio de 1997, considera crime a prática de discriminação ou preconceito contra religiões. “A liberdade de expressão é um direito fundamental presente em nossa Constituição.
Vivemos num País democrático e gigante por natureza, mas, ainda imaturo no exercício da verdadeira liberdade religiosa. Nossa Pátria, mãe gentil, ainda convive com a intolerância religiosa”, avaliou Couto, que citou uma frase do líder religioso Mahatma Gandhi: “A raiva e a intolerância são as inimigas gêmeas da compreensão correta”.
O deputado acrescentou que o Brasil precisa mudar: “Não podemos admitir tanta intolerância, tanto preconceito e tanta discriminação. A legislação tem o dever de preservar direitos. O crime contra qualquer tipo de intolerância, seja religiosa, seja racial, seja de cor, seja de sexo, precisa acabar. O País é laico e as pessoas precisam, acima de tudo, respeitar o seu próximo”.
Por Assessoria do deputado