O Rabo da Gata é a história, ‘felinamente’, afinada de Jatobá: onde as conversas se balançam à acústica da propagação.
Embora seja da Sabino Cipriano (creio que uma homenagem a um parente dele), Edmar de João Ferreira tem um pé no Rabo da Gata: lá onde está ‘a Oficina’.
Em Jatobá, a palavra oficina era no singular das poucas que se destacavam à função, com três pessoas escolhidas – são os Hefestos ou Oguns do lugar: João Ferreira, José Henrique e Vicente Lins. Todos estavam ladeados no Rabo da Gata.
Os metalúrgicos são os condenados à sobrevivência ou os que escaparam à idade da pedra e forjaram a idade do ferro.
Edmar não se submeteu aos pés e às mãos do ferro e do fogo; resolveu modificar o próprio mundo às suas passadas.
Quem não sabe de Edmar exímio jogador de tênis de mesa (com uma pegada diferente na raquete) ou de dominó?
Quem não lembra de Edmar na ACREP, na primeira sala à esquerda da entrada do Colégio São José (Escola Santa Maria Goretti)?
Com essa tecnologia, ele chegou no Jatobá Clube e na Prefeitura. Sempre estava como organizador ou na produção de algum evento: de comício à velório, desde a difusora municipal ao cinema.
Fui, com ele, pra uma festa em Mauriti, e um amigo comum foi mais galanteador no namoro; Edmar, às nossas vistas, se aproximou dele, que estava dançando muito à vontade, e fez uma oração à família – para os nossos risos. Voltamos entre poesias, pela madrugada.
O que era para ele, ele deixou no caminho para floreio biográfico; morou, com Paulo e Jandui, em um salão atrás da ‘bodega’ de Seu Expedito Joca, quando tentou ser jogador de futebol, mas nunca passou de um péssimo goleiro; porém, está na foto – para não esquecermos dele.
Ultimamente, era um prestador de serviço e corretor de imóveis.
Eu acompanhei o time de futebol de Jatobá para um jogo em Antenor Navarro (hoje São João do Rio do Peixe). De tanto Enaldo catimbar um marcador, acabou levando uma pancada fora das tais ‘quatro linhas’ e soltou um grito ouvido por todos que assistiam (era uma defesa típica de Enaldo, desde as pisas por reprovação no Grupo Duque de Caxias). Edmar entrou em campo com o revólver em punho, para acertar as contas. Bem! O jogo terminou sem resultado e com o prejuízo do transporte, que seria pago pelo time que fez o convite, porque saímos às pressas da cidade.
Como era comum que Edmar ‘puxasse o tal revólver’, em situações limites, aprendemos a brincar com ele, perguntando quantos cabos já havia trocado.
Hoje, ele foi ver Jatobá, na imensidão do céu. Com certeza não saberá que morreu, porque os salvos não sabem disso. E se for salvo e de Jatobá nem desconfia.
Ele é filho de João Ferreira e Dona Ana; irmão de Duardinho e Edna, casado com Fatinha de Seu Totô e pai de Marina e Marana; levou à eternidade a condição de avô.
Se tiver um Jatobá Clube ou uma ACREP na imensidão, Edmar de João Ferreira estará organizando a cena.
Com certeza abrirá o evento dizendo: Jatobá, Paraíba, Brasil, Mundo, Universo – ETERNIDADE.
Por: Irapuanzinho Sobral