O Ibope apontou, em sua primeira pesquisa após o início oficial da campanha, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e virtualmente impedido de concorrer à Presidência da República, segue liderando isoladamente as intenções de voto com 37%, quase o mesmo percentual da pesquisa CNT/MDA também divulgada nesta segunda. Ainda que não diretamente comparável, a marca de Lula é um patamar maior do que o exibido em levantamentos recentes de outros institutos e sinaliza que, detido em Curitiba, o ex-presidente tem conseguido manter o apoio ao seu nome, desafiando as cortes que devem impedi-lo definitivamente de disputar o Planalto nas próximas semanas. A pesquisa segue mostrando Jair Bolsonaro, o candidato de extrema direita do PSL, em segundo lugar, com 18%. É o capitão reformado do Exército que lidera, com 20%, nas simulações sem o petista, seguido de Marina Silva (REDE), que salta de 6% (com Lula) para 12% (sem ele).
O levantamento mostra um cenário embolado a partir do segundo lugar, nas simulações com o ex-presidente petista. Aparece com 5% Geraldo Alckmin (PSDB), uma cifra que pode ser vista como decepcionante, se considerado que o tucano é dono da maior coalizão de partidos apoiadores. O desempenho do ex-governador de São Paulo volta a reforçar a visão de que Alckmin terá de contar com o poder da TV, na qual terá o maior tempo de exposição entre os candidatos, para tentar crescer a partir de 31 de agosto. Já Ciro Gomes (PDT) aparece com os mesmos 5% de Alckmin nas simulações com Lula, e vai a 9% sem ele, mais próximo de Marina Silva.
Incertezas sobre transferência de voto
Se Lula tem uma vitória ao conseguir sinalizar alta mesmo preso, isso não garante, por ora, qualquer sucesso na estratégia global do PT. A pergunta segue a mesma: quando o ex-presidente for impedido legalmente de concorrer, haverá tempo hábil para ele transferir votos para seu vice oficial e plano B, Fernando Haddad? Quando o nome do ex-prefeito de São Paulo foi apresentado ao eleitor nesta simulação do Ibope, o petista marcou apenas 4% e há indicações de que seus eleitores se distribuem entre outros candidatos, entre eles marcadamente a candidata da REDE.
Os investidores do mercado financeiro, ávidos por um candidato pró-reformas liberais que decole nas pesquisas, demonstraram nervosismo nesta segunda-feira. O dólar encostou em 3,96, a maior marca em dois anos, e um estopim foi a pesquisa CNT/MDA que já mostrava Lula, no final da manhã, com 37,3%.
A pesquisa do Ibope, de âmbito nacional, ouviu 2002 eleitores entre 17 a 19 de agosto. Os números foram divulgados pelo jornal O Estado de S. Paulo e pela TV Globo, parceiros da pesquisa. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
VEJA OS NÚMEROS DA PESQUISA
No cenário com Lula:
Lula (PT): 37%
Bolsonaro (PSL): 18%
Marina Silva (Rede): 6%
Ciro Gomes (PDT): 5%
Alckmin (PSDB): 5%
Alvaro Dias (Podemos): 3%
Eymael (DC): 1%
Guilherme Boulos (PSOL): 1%
Henrique Meirelles (MDB): 1%
João Amoêdo (Novo): 1%
Cabo Daciolo (Patriota): 0
Vera (PSTU): 0
João Goulart Filho (PPL): 0
Branco/nulos: 16%
Não sabe/não respondeu: 6%
No cenário sem Lula, com Haddad.
Bolsonaro (PSL): 20%
Marina Silva (Rede): 12%
Ciro Gomes (PDT): 9%
Alckmin (PSDB): 7%
Haddad (PT): 4%
Alvaro Dias (Podemos): 3%
Eymael (DC): 1%
Guilherme Boulos (PSOL): 1%
Henrique Meirelles (MDB): 1%
João Amoêdo (Novo): 1%
Cabo Daciolo (Patriota): 1%
Vera (PSTU): 1%
João Goulart Filho (PPL): 1%
Branco/nulos: 29%
Não sabe/não respondeu: 9%
Fonte: EL PAÍS