A Literatura de cordel também conhecida no Brasil como folheto ou literatura popular em verso,ou simplesmente cordel, um gênero literário popular escrito frequentemente na forma rimada, originado em relatos orais e depois impresso em folhetos. Em 2010, a Academia Brasileira de Literatura de Cordel enviou ao IPHAN um pedido de registro da Literatura de Cordel como patrimônio cultural de natureza imaterial.
A literatura de cordel foi reconhecida pelo Conselho Consultivo do foi reconhecido pelo Conselho Consultivo como Patrimônio Cultural Brasileiro. A decisão foi tomada dia 19 de setembro de 2018,como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro.
Poetas, declamadores, editores, ilustradores (desenhistas, artistas plásticos, xilogravadores) e folheteiros (como são conhecidos os vendedores de livros) já podem comemorar, pois agora a Literatura de Cordel é Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro.
O verbete “literatura de cordel” foi registrado pela primeira vez em 1881 no Dicionário Contemporâneo de Francisco Júlio Caldas Aulete. A Literatura de cordel remonta ao século XVI, quando o Renascimento popularizou a impressão de relatos orais, e mantém-se uma forma literária popular no Brasil.O nome tem origem na forma como tradicionalmente os folhetos eram expostos para venda, pendurados em cordas, cordéis ou barbantes em Portugal. A literatura de cordel surgira por meio de artistas populares, com baixo nível educacional formal, e sua produção era voltada para um público de pouco poder aquisitivo.
Em solo nordestino o cordel fincou suas raízes e floresceu. No Nordeste do Brasil o nome foi herdado, mas a tradição do barbante não se perpetuou: o folheto brasileiro pode ou não estar exposto em barbantes. Alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, também usadas nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.
A literatura de cordel é um dos gêneros literários mais conhecidos no Brasil.Ela dá ênfase tanto à riqueza, quanto à expressividade da nossa cultura. O paraibanode Pombal, Leandro Gomes de Barros, é o pai da literatura de cordel e autor de mil títulos do gênero. Em 1893, o paraibano de Pombal publicou os seus primeiros poemas. Elevado a patrono da Literatura Popular em Verso, Leandro foi o primeiro a publicar, editar e vender seus poemas – embora não haja registros da totalidade desse volume, seu legado é de aproximadamente mil folhetos escritos.
Foi na região nordeste que a Literatura de Cordel se consolidou no Brasil, muito por conta das difíceis condições de vida, pobreza e resignação em que se encontrava.O cangaço, a seca, o coronelismo político, também são temas recorrentes da literatura de cordel até os dias de hoje.O gênero acabou transformando em rima conquistas, sofrimentos, amores e, especialmente, a garra sertaneja.
Apesar de ter começado no Norte e no Nordeste do país, o cordel hoje é disseminado por todo o Brasil, sobretudo por causa do processo de migração de populações. Atualmente, circula com maior intensidade na Paraíba, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Pará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo. Em todos estes estadosda federação é possível encontrar esta expressão cultural, que revela o imaginário coletivo, a memória social e o ponto de vista dos poetas acerca dos acontecimentos vividos ou imaginados.
Na segunda metade do século XIX começaram as impressões de folhetos brasileiros, com suas características próprias. Os temas incluem fatos do cotidiano, episódios históricos, lendas, temas religiosos, entre muitos outros. As façanhas do cangaceiro Lampião (Virgulino Ferreira da Silva, 1900-1938), o suicídio do presidente Getúlio Vargas (1883-1954), as “presepadas” de heróis como João Griloou Cancão de Fogo são alguns dos assuntos de cordéis que tiveram maior tiragem no passado. O cordel hoje é vendido em feiras culturais, casas de cultura, livrarias e nas apresentações dos cordelistas.
SegundoMartineKunz em sua obra Cordel, criação mestiça de 2007, na literatura de cordel “a fronteira é fraca entre sagrado e profano, mortos e vivos, terra e céu, santos e bandidos, e até entre Deus e o Diabo”. Para Adelino Brandãoem Crime e castigo no cordel “O cordelista é “comunicólogo por excelência”. Segundo Ariano Suassuna, um estudioso do assunto, a literatura popular em versos do Nordeste brasileiro pode ser classificada nos seguintes ciclos: o heróico, o maravilhoso, o religioso ou moral, o satírico e o histórico.
O projeto (PLS 136/2018), que altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir a literatura de cordel e manifestações culturais baseadas no improviso no currículo da educação básica apresentado pela senadora Regina Sousa (PT-PI).
Na região Nordeste e nas regiões do Brasil com grande concentração de nordestinos e descendentes, a poesia popular está impregnada nos modos de vida, na linguagem e no entretenimento.O Cordel representa, até hoje, uma referência e uma fonte histórica para conhecer as tradições e costumes, modos de viver e pensar da comunidade sertaneja.
O Cordel se apresenta como um importante instrumento para o aprendizado, devido a sua linguagem peculiar e as suas vozes sociais presentes que representam uma parcela da cultura brasileira.
O cordelista é a voz do povo, a voz das ruas e com seus versos atua como verdadeiro transmissor de informações.O poeta popular é o representante do povo, o repórter dos acontecimentos da vida no Nordeste do Brasil. Informação esta compreensível por leitores e/ou ouvintes de diversas camadas sociais.A literatura de cordel é uma fonte democrática de informação.
Abdias Duque de Abrantes – jornalista, servidor público, advogado e pós-graduado em Direito Processual do Trabalho pela Universidade Potiguar (UnP), que integra a LaureateInternationalUniversities