O laudo que apontou as causas do acidente que matou três trabalhadores nas obras da transposição do Rio São Francisco, em Sertânia, foi divulgado ontem. De acordo com a perícia, a explosão, que também deixou outras dez pessoas feridas, foi causada por imperícia, imprudência e negligência.Três pessoas serão indiciadas no inquérito.
“O principal responsável pelo acidente foi o blaster (um tipo de supervisor técnico da detonação), Gilvan do Santos”, frisou o delegado Leonardo Gama, titular da delegacia de Sertânia.
Gama comentou que desde a instauração do inquérito já havia a suspeita que a falha na detonação teria sido decorrente de um erro humano e também por um excesso de material explosivo. “Havia uma determinação para que a sobra de material fosse destruída junto com as explosões do dia, que seriam as últimas do ano. A destruição do excedente aconteceu duas vezes, uma pela manhã, que deu certo, e a da noite, que não deu”, contou o delegado. Minutos depois, o blaster ao ver fogo, chamou de volta a equipe que estava em um ônibus se preparando para deixar o local. Além disso, o laudo do Instituto de Criminalística (IC) ainda apontou imperícia de Gilvan do Santos na hora de montagem das caixas de dinamite, já que elas não detonaram na hora certa.
Para o delegado, o que aconteceu foi uma sucessão de erros do blaster. “Ele foi negligente por duas vezes quando não seguiu o que previa o regulamento. Primeiro, quando depois da detonação que falhou foi conferir na companhia de outras pessoas o que tinha falhado. Segundo, porque não conferiu adequadamente a área e liberou o local”, explicou.
Além do blaster, um engenheiro da obra e o encarregado geral do desmanche também serão indiciados, apesar de não terem participado ativamente, mas por serem os superiores hierárquicos. Todos devem responder por homicídio culposo (sem intenção) e lesão corporal. “Como nesse tipo de crime não há elementos para se pedir a preventiva, todos devem responder em liberdade”, afirmou o delegado.
Acidente
A explosão no canteiro de obras, do Lote 12 da Transposição do Rio São Francisco, aconteceu no 21 de dezembro do ano passado. O trecho era administrado pela empresa OAS. Cerca de 20 pessoas trabalhavam no local. O acidente matou três e feriu dez trabalhadores. Os feridos foram encaminhados para hospitais da região e outros transferidos de avião para o Recife. Todos os feridos tiveram alta médica posteriormente.
Fonte: Folhape