Divulgue Conosco: Livro conta a história de estudante da UFPE, natural de Serra Grande no Sertão da PB, torturado na ditadura militar
O título provocativo do livro de Evson Malaquias de Moraes e sua equipe de pesquisadores remete a um conteúdo ainda mais inquietante de um passado recente que não pode ser esquecido.
“Cajá está sendo torturado e você vai à aula?” mostra o caso do sequestro, prisão e tortura de Edival Nunes, estudante de Sociologia da UFPE, conhecido como Cajá, na década de setenta, durante a ditadura militar. “O livro aborda o imaginário institucional dos órgãos de informação da ditadura civil-militar acerca de Cajá e de sua prisão, como o impacto nos jornais e as lutas de significação acerca da legitimidade da sua prisão como inimigo subversivo e da sua tortura”, explica Malaquias. Ele divide a autoria do trabalho com os doutores André Ferreira (UFPE – Centro de Educação), Edelson Albuquerque Jr. (UFPB) e equipe de estudantes da UFPE. Lançado em 2020, o livro pode ser acessado gratuitamente aqui.
Eles examinaram jornais e documentos dos serviços de informação e repressão da época. Na obra, apresentam proposições analíticas e críticas em 138 páginas. “Fizemos também um levantamento bibliográfico das pesquisas científicas sobre os órgãos de segurança em Pernambuco, já que o anticomunismo, fartamente produzido em 64, não teve origem na ditadura civil-militar, mas no levante militar da década de 35, que tinha Luís Carlos Prestes como referência. Tal fato justificou um anticomunismo fervoroso. Além desse estudo, pesquisamos sobre a dimensão ideológica da ditadura e o governo de Ernesto Geisel, pois foi nesse período que se deu a prisão de Cajá. Também pesquisamos bibliografia científica acerca dos órgãos de segurança (AESI, ASI) presentes nas universidades”.
Evson Malaquias de Moraes Santos é professor Titular do Departamento de Administração Escolar e Planejamento Educacional (DAEPE), do Centro de Educação da UFPE. Graduado em História e doutor em Sociologia, atualmente pesquisa a ditadura civil-militar de 1964 e seus órgãos de informação em atuação na administração da UFPE.
Ele informa que em setembro deste ano, uma segunda edição do livro será lançada, com novos documentos, imagens do período e adição de entrevistas com os estudantes da UFPE que participaram da campanha pela libertação do estudante. Entre esses entrevistados estão Alzira Medeiros, das Ciencias Sociais, Orlando Mindelo, de Desenho Industrial, além do próprio Edval Nunes da Silva, o Cajá.
Cajá é paraibano, natural do município de Serra Grande no Sertão paraibano.