Oposição, situação e o adversário
Por Francisco Inacio Pita
Em toda administração tem oposição, situação e o adversário, a oposição na administração de qualquer gestor tem seus méritos e a importância quando é levada a sério e sem politicagem. No Brasil, nota-se que muitos vereadores e deputados deixam de ser oposição para ser adversários do prefeito ou do governador. Qual a diferença entre oposição e adversário? Oposição é aquela que faz parte de outro partido, mas conversa com o prefeito ou o governador, vota em todas as matérias do executivo desde que seja importante para o povo. Já o adversário é muito radical, reclama de tudo e procura estar assente nas decisões importantes do executivo. Na maioria das decisões tomadas pelos adversários, muitas vezes prejudica até mesmo o povo.
Um fato corriqueiro que acontece em quase todas as cidades do Brasil, passada a eleição, o município tem 10 vereadores eleitos e o prefeito conseguiu apenas cinco vereadores ligados à sua coligação. Começam as negociatas do “toma lá e depois me dar cá”. Essa frase “me dar cá” é depois que começa a gestão, a maioria dos senhores vereadores que aceitaram ser aliados do prefeito vão ter a obrigação de votar os projetos do gestor de olhos fechados. É claro, nem todos são assim, mas a maioria dos novos vereadores aliados do prefeito faz o que ele quer. Não estou aqui acusando vereador A ou Vereador B nem tão pouco generalizando, mas infelizmente a prática mostra esse comportamento diferente do principal objetivo de um legislador. Isso é visto tanto para os vereadores como para os deputados que se aliam ao governador em troca de empregos para seus familiares e amigos.
Quando o prefeito não tem a maioria na câmara procura alguns vereadores da oposição para se aliar a ele. A mesma coisa acontece com o governador que tem minoria na assembleia legislativa. Em troca oferece empregos que são direcionados a familiares e amigos do deputado. A constituição diz que todo funcionário público deve assumir através de concurso, mas através de PEC criada e aprovada pelos senhores deputados e senadores, o prefeito tem o direito de contratar temporariamente uma determinada quantidade de servidores. Eu falei para o servidor temporário que o prefeito pode contratar e demitir na hora que quiser. Então, muitos vereadores ficam rabo preso ao prefeito porque receberam empregos para os seus.
Se o vereador da oposição não aceitar proposta para ficar ao lado do prefeito, ele tem todo o direito, mas não pode alegar que não vai fazer nada porque o prefeito não atende aos seus pedidos. O prefeito só vai atender se você souber cobrar. E como funciona isso, elabore um projeto importante para sua comunidade, no dia de levar o projeto para a câmara para ser votado convoca a comunidade que vai ser beneficiada para assistir a reunião da câmara e ver quem votou a favor ou não no projeto.
O projeto do vereador de oposição sendo aprovado costuma ficar guardado em uma gaveta, cabe ao vereador opositor cobrar a execução da obra. Para isso, o vereador pode ser oposição do prefeito, mas não inimigo. Ele tem o direito de ser recebido pelo prefeito para falar de seu projeto. Para reforçar, o vereador opositor deve levar junto duas ou três pessoas que tenham influência na comunidade que vai ser beneficiada. Começa a pesar e se o prefeito não atender tem toda a possibilidade de perder votos daquela região. O legislador tem a obrigação de elaborar os projetos que beneficiam o povo, defender e cobrar a sua execução. A sua obrigação só termina quando a obra estiver concluída.
Boa parte da população sabe que é muito diferente o que diz um político durante a campanha eleitoral e o que ele leva para a prática administrativa, o povo precisa estar vigilante, reclame dos erros e vote consciente, se o povo quiser o mau gestor só engana uma vez. O pior é que o povo ainda não aprendeu a votar, em toda campanha política tem a oportunidade de escolher, mas muitas vezes escolhe mal, e reconduz ao poder corruptos já conhecido em outras administrações. Enquanto a população não se interessar em escolher bem, deixar de receber ofertas paliativas durante o período eleitoral, seguir a conversas de assessores que aparecem representando o prefeito, não aprender a pesquisar o passado e presente dos candidatos, tudo só tende a pior. O povo fica mal assistido e a maioria dos políticos ficam beneficiados, adquire bens e beneficia os seus familiares e amigos. Uma realidade triste que vai demorar a mudar, porque a maioria dos eleitores ainda não aprendeu a votar, enquanto essa lição não for cumprida, os nossos legítimos representantes de mentirinha vão deitar e rolar com os nossos direitos. Acorda minha gente que apesar de vários prejuízos ainda dá tempo.
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Francisco Inácio de Lima Pita — Radialista e Professor Licenciado em Ciências e Biologia pela UFPB e UFCG respectivamente. Atualmente é professor aposentado por tempo de serviço em sala de aula, escritor dos livros CONCEITOS E SUGESTÕES PARA VIVER BEM O MATRIMÔNIO, AS DROGAS E A RETA FINAL DA VIDA, VARIAÇÕES POÉTICAS, ARQUIVO DA CULTURA NORDESTINA, 102 SONETOS e tem outros livros em andamentos, mora atualmente na cidade de São José de Piranhas – PB. Atualmente participa do Programa Radar Cidade com o quadro PAPO RETO pela TV Diário do Sertão ao lado de Dida Gonçalves, é coordenador geral da Rádio Web Vale do Piranhas em São José de Piranhas.