Semiárido da PB, RN, PE e CE terão mais chuvas em 2024 do que em 2012 e 2013, prevê meteorologista
Mesmo com um episódio forte do fenômeno climático e oceânico El Niño observado atualmente, mas que poderá dissipar em maio ou junho de 2024, prevê o estudioso do clima e de várias áreas da Física Rodrigo Cézar, é provável que a estação chuvosa do semiárido dos estados da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará, seja bem irregular, no entanto, há outros componentes ainda mais importantes que o próprio El Niño, e que podem fazer a diferença na estação chuvosa do semiárido dos referidos estados esse ano.
O estudioso pontua a posição dos vórtices ciclônicos em janeiro desse ano, como um fator favorável para as chuvas do semiárido dos quatros estados mencionados, favorecendo acumulados significativos de chuva no citado mês, assim como vem ocorrendo, além disso, o Atlântico Sul muito quente na altura da costa leste do Nordeste é outro fator favorável, sendo o referido oceano responsável pelo fornecimento de grande parte da umidade para a ocorrência de chuvas na região entre fevereiro e maio.
Por outro lado, o Atlântico Norte que de 2018 a 2022 esteve na fase negativa da Oscilação Multidecadal do Atlântico, ou em outras palavras mais frio de que o normal, favorável a chuvas em maior quantidade na mencionada região, agora, em meados de janeiro de 2024 está muito quente. Fato que também pode gerar muita irregularidade na distribuição espacial e temporal da precipitação pluviométrica, no setor norte do Nordeste de fevereiro a maio de 2024.
A Oscilação Maddem-Juliam, que em momentos distintos da quadra chuvosa da região, se mantendo favorável, ou seja, atuando em fases que possam organizar bem a convecção entre os meses de fevereiro e maio, poderá também amenizar os impactos do forte episódio do atual fenômeno El Niño.
Dessa forma, dos cinco fatores analisados pelo físico, meteorologista, mestre em Meteorologia e doutor em Física Rodrigo Cézar, há três fatores potencialmente favoráveis para a estação chuvosa do semiárido dos quatro estados analisados em 2024, e dois fatores desfavoráveis que são:
1) El Niño forte, mas com tendência de enfraquecimento ao longo da quadra chuvosa da região, lembrando que a atmosfera não é automática, ou seja, precisa de um certo tempo para se adequar as novas condições oceânicas. Mesmo com o enfraquecimento do fenômeno, haverá influência do mesmo ao longo da quadra chuvosa da região, enfraquecendo os ventos alísios que transportam umidade do Atlântico na altura da costa leste do Nordeste, em direção ao setor norte do Nordeste entre fevereiro e maio, fato que poderá provocar chuvas com grande má distribuição espacial e temporal dentro do período chuvoso;
2) Já o Atlântico Norte muito quente, poderá colaborar para produzir totais pluviométricos variando de normais a abaixo da média histórica em algumas localidades da região, devido ao posicionamento da Zona de Convergência Intertropical ao norte de sua climatologia em vários momentos da estação chuvosa.
O cenário das chuvas na região agora em janeiro de 2024 é parecido com o observado em janeiro de 2016, em ambos os casos o El Niño vigente era forte e com tendência de enfraquecimento nos meses posteriores, cenário bem melhor que o observado em 2012 e 2013.
Tanto em janeiro de 2012 quanto em janeiro de 2013, dos cinco fatores analisados para se traçar um cenário para as chuvas da região entre fevereiro e maio, apenas um estava favorável, a região central do Pacífico Equatorial, que em janeiro de 2012 se apresentava sob a influência de um episódio do fenômeno La Niña de fraca intensidade, e em janeiro de 2013 se apresentava neutra, todos os outros fatores se mostravam desfavoráveis, no entanto, no final de março de 2013, as águas superficiais do Oceano Atlântico Sul na altura da costa leste do Nordeste se apresentavam mais aquecidas que o normal, no entanto, ainda num padrão não ideal para garantir boas chuvas para a região. Resultado, a quadra chuvosa do semiárido da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará foi caracterizada em ambos os anos com totais pluviométricos muito abaixo da média histórica.
Por exemplo: o município de Patos-PB em 2012 e 2013, segundo dados oficiais da Empaer, registrou apenas 168 mm de chuva em 2012 e 380 mm de chuva em 2013, sendo que a média pluviométrica anual é de 715 mm.
De acordo com Rodrigo Cézar, as chuvas em 2024 poderão em muitas localidades do semiárido dos referidos estados serem bem irregulares, no entanto, o cenário para Patos é bem melhor em 2024 do que em 2012 e 2013.
Em 2016, num cenário parecido com o atual, choveu em Patos, de acordo com a Empaer, 602 mm, de acordo com o estudioso, Patos-PB poderá registrar chuvas acima dos 550 mm em 2024.
Rodrigo Cézar – Ciência em Foco