Por: Radomécio Leite
Baralho procura o jogador que tem intimidade com as cartas como a bola procurava Pelé que, mesmo de costas, se virava ligeiro, matava no peito e mandava na rede. No voto também é assim. Eleitor percebe, sente segurança, abraça de verdade se o candidato for de verdade ou dar um abraço de tamanduá no candidato copa do mundo que se apresenta na praça.
Sabedoria popular ensina que quando o candidato é ruim de povo, chove, falta energia e o comício é cancelado no dia. Baralho também tem dias que não quer e judia o bom de carteado, furando o bolso e expulsando da mesa. O cara fica na “fina” da canastra de duzentos, melé desaparece e não bate a parada, perdendo para o azarão. Peruada fica em delírio rondando a mesa. Mesa de jogo faz a festa com aventureiros. Dinheiro não aceita desaforo.
No futebol, tem dias que a bola não quer o craque. Zebra reina em campo e o placar é do time visitante que veio aventurar. Bola, baralho e voto tem dias que não quer ninguém.
Mas as exceções não imperam em definitivo sobre as regra.
O povo conhece quem é líder, o melé vai noencontro ao bom no carteado e a bola procura o camisa 10.
Na política, quem nasceu pra liderar monta o tabuleiro, escala a equipe de campanha, aponta o caminho e mobiliza o time. Pela causa, todos assimilam com clareza o caminho desafiador de umacampanha, compreendem até o silêncio do líder. Assumindo papel proativo, vestem a camisa e enfrentam com determinação dispostos a vencer.
Líder cresce no embate. Sem medo, não escolhe adversário, faz o debate das ideias respaldado pelo povo. Campanha vem mudando a dinâmica eleição após eleição, e quem não se atualiza com necessidades da população, vai ficando de lado, igual bornal de caçador.
História mostra que ninguém cresceu em cima de muro. Povo percebe quem assume suas dores e firma posição, quem fica só de camarote assistindo e quem vive na contramão da vontade popular.