As empreiteiras Engevix, Galvão Engenharia e Queiroz Galvão informaram, por meio de documentos encaminhados à CPI mista da Petrobras nos últimos dias, que fizeram pagamentos a empresas ligadas aos delatores da Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Dirigentes das três empresas foram presos na operação da PF por suspeita de envolvimento em esquema de pagamento de propina por meio de contratos firmados com a Petrobras. No documento enviado à CPI, as empreiteiras não informaram aos parlamentares se os repasses seriam para pagar propina. Ao menos quatro empresas tidas como “laranjas” pela Polícia Federal receberam pagamentos, segundo os documentos.
Ligadas a Alberto Youssef, foram mencionadas a MO Consultoria e Laudos Estatísticos, a GFD Investimentos e a Empreiteira Rigidez. Ligada a Paulo Roberto Costa, está a Costa Global Consultoria e Participações. Somados, os contratos chegam a R$ 15,3 milhões.
As informações foram prestadas pelas empreiteiras a pedido da CPI após um acordo firmado entre oposição e governo no início deste mês. A oposição cobrava a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico das empreiteiras, mas concordaram em fazer apenas um pedido de informação devido à falta de tempo hábil para o procedimento de quebra de sigilos. O prazo final dos trabalhos da comissão se encerra em 22 de dezembro.
Engevix
Líder no consórcio Rnest – constituído para a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco – a Engevix informou à CPI que celebrou contratos de consultoria com duas empresas do doleiro para auxiliar na execução das obras da refinaria: MO Consultoria e Laudos Estatísticos e GFD Investimentos – ambas apontadas como “laranjas” de Youssef pela Polícia Federal.
Com a MO Consultoria e Laudos Estatísticos, a Engevix firmou, em 2009, contrato de R$ 5,7milhões, do qual foram pagos R$ 2,8 milhões. Já o contrato celebrado com a GDF Investimentos, em 2014, correspondia a R$ 2,1 milhões, sendo que R$ 400 mil foram efetivamente pagos.
A Engevix informou que a consultoria foi necessária devido à “magnitude” da obra e das “dificuldades” que a empreiteira enfrentara no empreendimento. Os serviços eram prestados por Alberto Youssef, ainda conforme o documento, e abrangiam “elaboração de estratégica organizacional, recomendações sobre como encaminhar demandas e formular propostas e sugestões acerca de como encaminhar as inúmeras exigências e demandas vindas da Petrobras”.
A empreiteira destacou que o custo das contratações da MO e da GFD foram “integralmente suportados” pelo consórcio Rnest, “sem qualquer ônus adicional para a Petrobras”. A obra de Abreu e Lima, ainda conforme a Engevix, trouxe prejuízo para a empresa de R$ 380 milhões.
A Engevix também negociou com uma terceira empresa do doleiro, a Empreiteira Rigidez, desta vez pelo consórcio Integradora URC. O contrato foi celebrado em outubro de 2009, com valor de R$ 4,8 milhões, dos quais R$ 3,2 milhões foram pagos.
Galvão Engenharia
A Galvão Engenharia informou à CPI mista que fez doze depósitos à MO Consultoria entre agosto de 2008 e outubro de 2011 que somam R$ 5,1 milhões. A empreiteira não detalhou os serviços prestados pela empresa de Youssef e limitou-se a informar que as transferências foram esclarecidas à Justiça pelo presidente da Divisão Industrial da empresa durante depoimento.
Queiroz Galvão
A construtora Queiroz Galvão informou à comissão que transferiu, entre março e setembro de 2013, R$ 563 mil à Costa Global Consultoria e Participações “em decorrência de contrato particular de prestação de serviços”.
A empresa não detalhou os serviços prestados pela empresa de Youssef, mas destacou que o contrato foi celebrado mais de um ano após a saída de Paulo Roberto Costa da Petrobras.
Do G1