Quito (AE) – A presidente Dilma Rousseff admitiu ontem que a crise internacional afetou profundamente o Brasil e que a recuperação mundial ainda é “tênue”, o que vai requerer mais esforços da região para garantir a manutenção dos ganhos sociais obtidos nos últimos anos. A cooperação entre os países, afirmou, é uma das formas de a América do Sul tentar superar a crise. Em entrevista, ao final da Cúpula da União das Nações Sul-americanas (Unasul), Dilma afirmou que a inflação – que pelo quarto mês seguido superou o teto da meta em 12 meses – é sim motivo de preocupação, mas relativizou. “Sempre tem que ficar preocupado e preocupado todo dia, com tudo. Não tem algo que ocorra que não se preocupe. É intrínseco da condição de presidente. Tem que ter preocupação por parte do governo. Da questão menos relevante à mais relevante.”
Em discurso de 14 minutos na sessão plenária presidencial, a presidente fez questão de mencionar os processos eleitorais na América do Sul este ano em que, afirmou, “saiu vitoriosa a agenda da inclusão social, do desenvolvimento com distribuição de renda e, portanto, do combate à desigualdade e da garantia de oportunidades, que caracteriza a nossa região nos últimos anos”
A presidente afirmou, ainda, que os países da região já provaram que são capazes de “enfrentar muitos desafios” e conseguiram aumentar renda, diminuir desemprego, reduzir os níveis de pobreza, mas precisam continuar neste caminho. “Todos nós sabemos que a recuperação da crise que começou lá atrás, em 2008, ainda é tênue. Temos um quadro difícil na Europa, uma recessão no Japão, uma recuperação nos Estados Unidos, mas ainda uma recuperação que não mostra toda sua força. Por isso, é importante que os países da região tenham capacidade de se integrar e cooperar cada mais.”
A queda no preço do petróleo e das commodities, que incomoda boa parte dos países vizinhos – e afeta também o Brasil – foi um dos temas dos discursos na Unasul, tanto de Dilma quanto de outros presidentes diretamente afetados, como o venezuelano Nicolás Maduro e o anfitrião, Rafael Correa.
“Na atual conjuntura de crise internacional, com queda no preço das commodities e, principalmente, do petróleo, o desafio do desenvolvimento é ainda maior. Temos diante de nós compromissos históricos a cumprir, tarefas cuja realização será crucial para o nosso futuro”, disse a presidente.
Durante entrevista, a presidente afirmou que “todos os países” serão afetados pela queda no preço das commodities e do petróleo, alguns negativamente e outros positivamente. Lembrou que a receita brasileira advinda de impostos sobre combustíveis não seria significativa e a economia do País é diversificada, então o impacto não seria tão importante.