Ignorando o desempenho nacional e do Nordeste, a atividade industrial da Paraíba encerrou 2014 com alta de 4,4%, segundo dados da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (Fiep).
O desempenho da Paraíba se diferenciou dos resultados registrados na Região Nordeste, que fechou o ano passado com estabilidade, com tendência negativa (-0,2%). Já o Brasil registrou baixa de 3,2% na produção industrial, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o vice-presidente da Fiep-PB, Magno Rossi, os segmentos que melhor se comportaram foram construção civil, têxtil, minerais não metálicos, cerâmica e cimento.
De acordo ainda com Magno Rossi, o número de empresas da indústria na Paraíba cresceu 12,2% e o volume de empregados no setor industrial expandiu 12,5%. Outro dado relevante é com relação à massa salarial do setor, que chegou a dezembro com uma elevação de 18,3%.
Para o vice-presidente da Fiep-PB, o cenário da Paraíba foi possível porque alguns setores vinham registrando ‘um bom ritmo desde o ano anterior’. Um dos exemplos citados foram as cimenteiras, que implantaram as novas unidades na Paraíba, fortalecendo o setor no Estado.
Magno Rossi explicou que a atividade têxtil foi beneficiada com a taxa de câmbio registrada em 2014, que encareceu as importações. “A desvalorização do real aumentou a nossa competitividade”, exaltou. Outra justificativa foram as dificuldades enfrentadas pelas empresas do Sudeste por causa de alguns fatores como a falta d’água. Isso fez com que houvesse um deslocamento natural da atenção do consumo para o Nordeste.
Magno acrescentou que o polo automotivo da Fiat, em Pernambuco, sendo abastecidas por várias sistemistas como empresas de vidro e de peças metálicas, também teve sua parcela de contribuição no quadro da indústria paraibana.
PERSPECTIVA 2015
Ao comentar as perspectivas para este ano, Magno Rossi declarou que, dentro da conjuntura econômica atual, não se pode fazer ainda prognóstico.
“Tudo vai depender das próximas variáveis. Os impostos indiretos que vão retirar renda das famílias na energia, água e combustível vão desviar a atenção do consumo”, declarou.
A diretora comercial da Companhia Industrial de Cerâmica (Cincera), situada na cidade de Santa Rita, Ivana Santiago Mota, afirmou que em 2014 a indústria fechou o primeiro semestre estável, empatada com o ano anterior. No segundo semestre, porém, contrariando o resultado positivo da produção estadual, a situação ficou mais complicada na empresa e houve queda de 14,8% sobre o mesmo período do ano anterior.
Segundo a diretora comercial, um dos motivos para este quadro foi o aumento da concorrência, já que novas unidades do ramo chegaram à Paraíba e muitas que já estavam no mercado se profissionalizaram e expandiram o número de clientes. Ela também citou a inadimplência da população como um dos fatores que prejudicaram o desempenho da Cincera.
As consequências desta retração na indústria de cerâmica foi redução de 40% na mão de obra e enxugamento das despesas da unidade produtiva, além da automação dos serviços.
“Inicialmente pretendíamos automatizar para crescer, mas diante da situação que enfrentamos investimos em máquina para reduzir produção. Então, começamos a fabricar apenas o que o mercado consumia para não ficarmos com capital parado”, revelou.
Segundo Ivana Santiago Mota, o início de 2015 está equilibrado graças às medidas tomadas o ano passado.
“Como nos planejamos no segundo semestre do ano passado, 2015 está um pouco melhor, conseguindo manter um resultado positivo. Reduzimos 40% de nossa mão de obra gradativamente e se o mercado não responder bem vamos diminuir mais”.
Apesar de o calendário de eventos e feriados no ano passado como Copa do Mundo e das eleições prejudicarem o segmento alimentício, a indústria São Braz de Alimentos registrou desempenho acima do Nordeste e do Brasil na Paraíba no ano passado, segundo o diretor administrativo e financeiro da empresa, Rosenvaldo de Melo Costa.
Alexsandra Tavares
Jornal da Paraíba