Durante palestra realizada a convite do Rotary Club Tambaú nesta sexta, em João Pessoa, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), declarou que apesar da grave crise econômica, política e ética pela qual passa o país, acredita que a democracia brasileira não corre risco, “está cada vez mais fortalecida a partir de uma sociedade cada vez mais vigilante e uma possível saída da presidente Dilma Rousseff é uma mais comprovação do funcionamento das nossas instituições”.
Sobre a questão econômica, o senador traçou um quadro preocupante para os próximos meses. “Vivemos uma crise sem precedente e tudo indica que pela primeira vez desde 1930 teremos dois anos seguidos de recessão e o governo, por não ter mais credibilidade não consegue responder adequadamente à sociedade brasileira”, disse o líder do PSDB no Senado.
Questionado sobre a atuação da oposição, Cássio lembrou que desde as eleições de 2014, o PSDB já alertava para a crise econômica que o país já vivia, “mas a partir de maquiagens contábeis, o governo conseguiu segurar a verdade até as eleições e logo após o pleito, não tendo mais como segurar a crise de maneira artificial, está obrigando a sociedade brasileira a pagar a conta das irresponsabilidades cometidas para ganhar a eleição”.
“Continuaremos cobrando que o governo faça o seu dever de casa e diminua as suas despesas. Recentemente foi anunciado que iriam extinguir 10 ministérios e a entrevista dos ministros sobre esse tema não resistiu à pergunta básica: Quais ministérios seriam extintos? E até hoje o governo sequer voltou a tocar no assunto”, afirmou Cássio.
Na economia, Cássio lembrou que todos os dados são extremamente graves. “Pela segunda vez desde abril, economistas consultados pelo Banco Central reduziram a expectativa para a inflação de 2015. Já o PIB que há 4 semanas tinha como previsão uma retração de 1,80%, atualmente o próprio Banco Central já trabalha com um cenário de recessão de 2,26%. A previsão para 2016 é de queda da ordem de 0,40%”.
Já com relação ao desemprego, os números divulgados pelo IBGE na última semana mostram aumento na taxa para 8,3% no segundo trimestre deste ano. “Esta é a maior taxa da série histórica, que teve início em 2012”, alertou Cássio. Esta estimativa cresceu tanto em comparação com o 1º trimestre de 2015 (7,9%) quanto com o 2º trimestre de 2014 (6,8%).
O senador mostrou preocupação com a deterioração crescente do mercado de trabalho que tem afetado principalmente os mais jovens. “O desemprego na faixa entre 14 e 17 anos subiu de 19,9% no 2º trimestre do ano passado para 24,4% no mesmo período deste ano. Para aquelas entre 18 e 24 anos houve aumento de 14,2% para 18,6% no período”.
Crise de credibilidade
A recente redução da meta fiscal para este ano e a previsão de um orçamento deficitário para 2016 aumentam o risco de o país perder o grau de investimento conforme entendimento do senador paraibano. “O risco de perda do grau de investimento e a manutenção dos juros em níveis elevados por um período maior devem continuar a afetar os níveis de investimento”.
Cássio alertou ainda que segundo os prognósticos de especialistas, a produção deve continuar em queda nos próximos meses. “O índice de confiança dos empresários alcança seus menores níveis, bem abaixo da média histórica. Nunca houve uma onda de pessimismo tão generalizada como agora”, lamentou.
O senador destacou que além das crises, econômica e política, aliadas aos inúmeros escândalos de corrupção, o Brasil vive hoje uma crise de perspectiva. Na verdade, uma crise de falta de perspectiva. A sociedade não enxerga capacidade no atual governo para a volta da estabilidade. Não enxerga, no atual governo, algo que possa oferecer solução para os problemas atuais.
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