Um laboratório móvel do projeto pioneiro Zibra (Zika Brasil), com pesquisadores brasileiros e estrangeiros, está instalado no pátio do Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira, em João Pessoa, onde ficará até a manhã desta quarta-feira (8) com o objetivo de avaliar o comportamento do vírus em diferentes pontos do Nordeste. João Pessoa é a segunda capital que recebe a pesquisa, iniciada no último dia dois, em Natal/RN. Da Paraíba, a ação segue para Recife, Maceió, Aracaju e Salvador.
Nos locais onde passa, é realizada uma parceria com os Laboratórios Centrais Públicos (Lacens) para o apoio logístico. Em João Pessoa, a estrutura foi montada no Juliano Moreira porque há um laboratório do Lacen-PB de virologia que faz diagnóstico de dengue, chikungunya, zika e outras viroses, funcionando lá, de forma provisória, devido a reforma na sede do Lacen-PB.
A pesquisa está sendo realizada por meio de uma parceria entre o Instituto Evandro Chagas, Universidade de São Paulo (USP), Fiocruz de Salvador e Universidades de Oxford – EUA e de Birminghan, na Inglaterra. “A proposta deste trabalho surgiu em função da grande quantidade de casos de zika no país, principalmente, no Nordeste, entre Natal e Salvador, onde é registrado o maior número da doença”, disse o pesquisador do Ministério da Saúde, do Instituto de Infectologia Evandro Chagas, Márcio Teixeira.
“A gente quer saber se existem diferenças nesse material genético viral, nas doenças associadas ao zika, dar suporte no diagnóstico e nos casos positivos para zika, no sequenciamento do material genético do vírus”, falou o pesquisador titular da Fiocruz/BA, Luiz Alcântara.
Nessa segunda-feira (6), primeiro dia na Paraíba, foram analisadas 66 amostras. Destas, oito deram positivo para zika. A expectativa é que, no total, sejam analisadas cerca de 300 amostras. Em Natal, das 400 amostras analisadas, 12% deram positivo para a zika, mas, até agora, não há nenhuma relação com a microcefalia.
A gerente operacional do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Izabel Sarmento, visitou as instalações do laboratório móvel e conversou com os pesquisadores. “Eles estão dando uma grande contribuição para ajudar a esclarecer a situação dos casos de microcefalia e agilizar o tempo de resposta do diagnóstico dos casos de zika”, declarou.
Para a farmacêutica e bioquímica do Lacen-PB, Isabel Carneiro, que está trabalhando com os pesquisadores, é uma experiência única. “É um momento ímpar, muito importante pra saúde pública do nosso Estado e também pro nosso aprendizado, enquanto profissional”, falou.
A pesquisa itinerante deve ser encerrada no próximo dia 17. Logo após, o trabalho vai continuar em três pontos: Salvador, no Lacen da Fiocruz, que receberá amostras de vários lugares do Nordeste e até de Mato Grosso do Sul; no Instituto Evandro Chagas, no Pará e na USP.
Pesquisa usa equipamento usado para erradicar Ebola
Um equipamento chamado Mini-Ion, usado durante a epidemia de Ebola, na África, é o grande diferencial da pesquisa. Após adaptações, foi concedido para o uso sobre o vírus zika. Ele tem alta especificidade e sensibilidade para zika, além de liberar os resultados em até 48 horas. Além disso, é de baixíssimo custo (R$ 3.900,00 a unidade).
“Estamos detectando mais do que o esperado devido a precisão do equipamento”, disse o pesquisador da Universidade de Birmingham, da Inglaterra, Nick Loman.
A intenção é que, após o resultado da pesquisa, o Ministério da Saúde adquira o equipamento para todos os 27 Lacens do País.
O método também será adaptado para dengue, chikungunya e febre amarela, além de vírus, que, porventura, possam ser introduzidos no Brasil, mediante a intensa movimentação humana de uma região geográfica a outra, em curto espaço de tempo.