O vice-presidente Michel Temer reúne a cúpula do PMDB nesta quarta-feira (15) para definir uma linha de pressão sobre o Palácio do Planalto para atrair para o partido o Ministério da Integração. A reunião ocorre dois dias depois de a presidente Dilma Rousseff sinalizar a Temer que Integração pode ser entregue o PROS, como reconhecimento aos irmãos Cid e Ciro Gomes pelo rompimento com o PSB, assim como parte de uma estratégia para consolidar na base o partido criado no ano passado.
A indicação do PMDB para o ministério da Integração é o senador paraibano Vital do Rego Filho, que também se encontra em Brasília acompanhando os desenrolar dos fatos.
Temer reunirá os senadores José Sarney (AP), Renan Calheiros (AL), Eunício Oliveira (CE) e Eduardo Braga (AM) em reunião à noite, no Palácio Jaburu, residência oficial da vice-presidência. Também participam do encontro os deputados Henrique Eduardo Alves (RN) e Eduardo Cunha (RJ).
A avaliação de alguns peemedebistas é de que Temer tentará pedir calma para preservar a aliança com o PT na esfera federal. Mas irá discutir como aproveitar o flanco que Dilma deixou em aberto ao afirmar que a escolha do PROS ainda pode mudar nos próximos dias, dependendo da conjuntura e reação de outros partidos aliados.
O primeiro movimento para evitar desgaste foi convocar o líder peemedebista na Câmara, Eduardo Cunha, para uma conversa em separado ontem. O vice-presidente teme que a reação de Cunha influencie outros integrantes da cúpula a optarem por uma reação à preferência de Dilma pelo PROS. O líder indicou a deputados do PMDB que o partido deveria exigir Integração como moeda de troca para manter a aliança com o PT.
A estratégia de Temer, de acordo com peemedebistas próximos ao vice-presidente, é negociar mais espaço no governo nas próximas conversas que terá com Dilma – a presidente se comprometeu a fazer mais duas reuniões antes do final do mês.
Renegociar mais espaço pode significar em último caso ceder Integração em troca de um ministério de menor expressão, mas que aumente a presença peemedebista no governo. A Secretaria Especial de Portos (SEP), que possui status de ministério na administração federal, é apontada por alguns peemedebistas como uma pasta com potencial para atender a demanda do PMDB por mais poder no governo Dilma.
A SEP também é alvo do PP, que após ser confirmado por Dilma à frente do Ministério das Cidades está disposto a ampliar presença no governo com mais uma pasta.
A presidente Dilma fará uma reforma ministerial até março tendo como principal meta acomodar aliados para atingir a maior vantagem possível no tempo de televisão do programa eleitoral e, com isso, aparecer pelo menos 50% mais que os concorrentes Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) juntos.
A conta exige abrigar o PROS para manter aliança nacional com partido criado em 2013 e que ganhou estofo depois da chegada dos irmãos Cid e Ciro Gomes, egresso do PSB. A dupla puxada pelo governador cearense Cid Gomes pleiteava o Ministério da Saúde, mas o PT segurou a pasta de olho no peso que ela terá nas eleições depois da implantação do programa Mais Médicos.
PTB de olho em Turismo
Entre os aliados que podem ser cortejados na reforma ministerial está o PTB. O partido integra a base, mas não ocupa nenhuma pasta da administração federal. A legenda ensaiou também Integração, mas começou a flexibilizar diante da informação de que Dilma está inclinada deixar o comando do ministério para o PROS.
O líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), diz que o partido tem interesse em Turismo ou Agricultura – ambas as pastas estão na cota do PMDB, que ocupa ainda Minas e Energia, Previdência e Aviação Civil. “Numa conversa preliminar falamos de Integração, mas não significa que tudo estaria acabado (nas negociações) se não for Integração”, diz.
Segundo ele, o partido tem “muitos” nomes para ocupar o posto de ministro, mas o mais certo seria o presidente Benito Gama assumir o cargo caso Dilma coloque o PTB à frente de algum dos 39 ministérios ou secretarias com status ministerial.
iG