A sensação é de alívio. Bethe “Pitbull” Correia espantou a má fase no último sábado ao vencer Jessica Eye, por pontos, no UFC 203, depois de duas derrotas consecutivas, fase definida por ela como “momento crítico”. Recobrando a confiança, a brasileira não esconde a vontade de enfrentar Miesha Tate, ex-campeã do peso-galo. A paraibana relembra as provocações feitas pela americana em 2015 e não coloca nenhum obstáculo para realizar o confronto que, segundo ela, poderia ser até no quintal da casa da desafeto.
– Lutaria com ela em peso combinado, no card preliminar, no principal, em qualquer evento e até mesmo no quintal da casa dela. Só nós duas, se ela quiser, para que ela veja que eu sou melhor – declarou a peso-galo, em entrevista exclusiva ao Combate.com.
Bethe Correia também não descarta medir forças com Cris Cyborg – a quem trata com respeito – comenta empurrão de Jessica Eye durante a pesagem, na véspera do UFC 203, e reconhece que derrotas para Ronda Rousey e Raquel Pennington a deixaram abalada.
Confira a entrevista completa:
Como analisa a sua performance contra a Jessica Eye, que não atravessa boa fase, mas é um dos principais nomes da divisão?
Eu vinha de um momento crítico na minha carreira, de duas derrotas, uma delas bastante polêmica contra a Ronda Rousey, com torcida dividida, fiquei a vilã da história, uma coisa mal entendida. Depois perdi para a Raquel (Pennington), mas acredito que venci a luta. Isso me frustrou e abalou bastante psicologicamente. O UFC me deu a Jessica Eye, na cidade natal dela, sabendo do quanto ela é querida em Cleveland, entrei bastante vaiada. Eu sabia que não seria fácil, porque ela é dura, enfrentou meninas ranqueadas. Era uma luta que, se vencesse, seria bom para a minha carreira. Ela é conhecida no mundo todo. Gostei da minha performance, mas óbvio que gostaria que tivesse sido melhor. No primeiro round, demorei para encontrar a distância, por isso sofri golpes fortes. Eu me encontrei no segundo round, que venci com louvor e, no terceiro, nem se fala. Ela começou a correr de mim quando sentiu a minha mão. Essa vitória foi muito boa, até para me instigar mais a voltar e para eu me sentir segura para disputar o cinturão de novo.
A Jessica Eye empurrou você na pesagem. Como isso influenciou na sua atuação? Deu mais gana de vencer?
Ela é uma oponente que gosta de mídia, de chamar a atenção, mas o empurrão me surpreendeu. Fiz a encarada e fui surpreendida, tanto que, confesso, na hora senti muita raiva e fui para cima dela para brigar mesmo. O pessoal do UFC me segurou. Senti raiva, mas segui focada. Ela estava em casa, sentindo-se à vontade para fazer seu showzinho, com a torcida gritando… Ela estava muito empolgada, saindo na mídia. Quando se faz isso, corre o risco de o tombo ser maior – e foi o que aconteceu.
Acredita que tenha sido a maior vitória da sua carreira?
Todas as minhas vitórias foram importantes e me construíram a ser o que sou hoje. Senti algo como foi contra a (Julie) a Kedzie… A Eye é famosa, tenho respeito por ela, essa vitória foi melhor para eu ser mais respeitada do que já sou. Você tem que ganhar lutas duras para ser respeitada.
Como foi a sensação de vencer novamente, o que não acontecia desde a vitória sobre a Shayna Baszler, em agosto de 2014?
Confesso que estava abalada depois das minhas derrotas. Não é fácil ser invicta e sofrer duas derrotas impactantes. Não queria desistir, queria tentar, sentir o sabor da vitória de novo. Fiquei aliviada, senti uma paz muito grande dentro de mim. Agora é olhar o que preciso melhorar para as próximas lutas serem melhores.
Vocês se provocaram durante a luta, rindo e trocando golpes. Houve conversa depois da luta, nos bastidores?
A Jessica Eye gosta de zombar. Quem me conhece, sabe: se zombar de mim, vou zombar também. O que vier, vai voltar. Comigo é assim, não levo desaforo para casa. Não é com a Jessica Eye, é com qualquer adversária. A gente se cumprimentou de forma respeitosa no octógono. Nos bastidores não tive oportunidade de falar com ela em nenhum momento, até porque machuquei o olho na luta e precisei ir ao hospital, nem participei das entrevistas. Fui examinada pelos médicos e está tudo bem.
Você não fica em cima do muro: que adversária quer enfrentar em sua próxima luta?
Uma pessoa com quem tenho assunto a resolver – e quero resolver – é a Miesha Tate. É uma pessoa que passa na minha cabeça o tempo todo. Ela começou a me provocar nas redes sociais, fez campanha no Twitter para me enfrentar… Quando marcaram a minha luta contra a Ronda, foi a primeira a criticar, foi quem mais falou que eu não merecia, zombou para caramba. Quando perdi para a Ronda, a Miesha caçoou de mim, riu de mim, zombou da forma como perdi. Até hoje eu não engulo isso. É um assunto que quero resolver. Quero muito lutar contra ela, quero que ela sinta como é lutar com uma novata. Com ela, vou lutar diferente. Sou instigada com isso. Lutaria com ela em peso combinado, no card preliminar, no principal, em qualquer evento e até mesmo no quintal da casa dela. Só nós duas, se ela quiser, para que ela veja que eu sou melhor.
Você chegou a falar no nome da Cyborg, que luta este mês ainda, no UFC Brasília. De onde vem o desejo de enfrentá-la?
Eu fui perguntada se eu lutaria contra a Cris Cyborg. É engraçado que as pessoas olham para a Cyborg com receio. Eu respondi que tenho coragem, é minha profissão, luto contra qualquer uma. Não entendo porque as pessoas têm receio de enfrentá-la. A Ronda tem receio de enfrentar a Cyborg. Seria um prazer lutar para vencer a Cris Cyborg. Seria incrível. Ela é uma das lutadoras mais conhecidas do mundo.
Quando espera fazer sua próxima luta?
Acabei de lutar, estou voltando ao Brasil. Espero voltar logo ao octógono.
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