“Criminalização” ou “banditização”da política?

Não passa um mês sem uma nova invenção dos especialistas – sempre eles. Podem ser de uma área de atividade profissional, de um campo da ciência, ou seja apenas um profissional da imprensa, com especialidade em determinado assunto.

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Quando inventam um novo clichê, este passa a ser a conversa predileta nos botecos, onde os intelectuais costumam tomar suas cervejas. Também nos táxis ou nas palestras sobre qualquer tema, o clichê da moda entra de improviso e toma conta do inconsciente coletivo.

Apesar de se tornar generalizado, são os especialistas da imprensa que exageram na defesa da nova verdade absoluta. Agora, o chavão é a “criminalização” ou “judicialização” da política. Ninguém tem dúvida de que essa onda tem por objetivo livrar os políticos corruptos da cadeia. Mas não é qualquer político. São os dos altos escalões. Prefeitos e vereadores de cidades pequenas nunca foram merecedores de defesa tão enfática.

Passa-se a impressão de que está havendo uma cruzada injusta contra pobres políticos inocentes. Querem passar para a sociedade a ideia de atuação direcionada, sem fatos, sem evidências, sem indícios de malfeitorias.

São fatos como a doação de milhões, mas muitos milhões de reais a candidatos de todos os matizes, com a coincidência de os valores gigantes serem destinados sempre àqueles com chance de vitória. Concomitante, surgem contratos com entre o vencedor e os doares  de valores acima dos bilhões. Um pouquinho a mais de mera coincidência e aparecem imagens, anotações de reuniões entre contratado e contratante. Nada demais. Pouco tempo à frente, aparecem mansões reformadas ou construídas por grandes empreiteiras, carrões, iates. Na visão dos defensores, absolutamente normais para servidores assalariados.

Só um exemplo de situações que, investigadas, passam a ser tachadas de “criminalização” ou “judicialização” da política.

Em defesa, apresentam notas à imprensa, menos verídicas do que nota de três reais. A frase “repudia veementemente” já dói nos ouvidos dos brasileiros.

Pela ótica dos defensores dessa tese chinfrim, um genial cidadão pode, em dois, três anos, passar de tosador de animal a superbilionário, sem merecer a atenção das instituições investigativas. Com todo respeito ao honesto cuidador, isso serve apenas de ilustração sobre inusitados e comuns enriquecimentos de políticos nacionais.

Apesar de tudo isso, todo dia ouço que não se pode “criminalizar ou judicializar a política”.

Senhores “especialistas”, com todo o respeito que vocês merecem: é uma pena que o Supremo Tribunal Federal não seja composto por onze ágeis juízes como um famoso que vem sendo caçado por corruptos e melindrados.

Com um pouco mais de celeridade, talvez a tese de Lula sobre os 300 picaretas ficasse na metade.

Por conta dessa ótica em defesa dos inalcançáveis pela Justiça brasileira, nenhum especialista ousou dizer que a “criminalização” ou “judicialização” da política está abaixo da “banditização” quase generalizada em que foi transformada a política nacional.