Em três anos, 422 pessoas se suicidaram na Paraíba, conforme pesquisa do Instituto Sangari, de São Paulo, em parceria com o Ministério da Justiça, e divulgada em fevereiro deste ano.
Somente em 2006, pelo menos 131 pessoas tiraram a própria vida na Paraíba, ocorrendo um crescimento considerável de casos nos dois anos seguintes, ou seja, houve um aumento anual de suicídios no estado no período avaliado pela pesquisa, denominada Mapa da Violência 2011.
Do total dos suicídios registrados na Paraíba, 3,7% ocorreram no Vale, conforme apurou a Folha (www.folhadovali.com.br). Foram 16 suicídios registrados na região durante os três anos avaliados pelo estudo, seis dos quais somente em Conceição, que respondeu por 37,5% dos casos regionais e, proporcionalmente, ficou em 1º lugar na relação dos municípios paraibanos com o maior número de ocorrências e na posição 285 em nível nacional.
Se Conceição sozinha respondeu por mais de 37% das mortes por suicídio no Vale, o percentual chega a 50% quando os seis casos registrados no município são somados às duas mortes ocorridas em cidades de sua cercania: uma pessoa se matou em Ibiara e outra em Santa Inês entre 2006 e 2008.
A cultura do suicídio em Conceição e no Vale parece ser algo evidente, mas o problema ainda não despertou a atenção das autoridades locais e estaduais, que deveriam promover um estudo aprofundado para avaliar a questão e descobrir por que tantas pessoas têm desistido de viver neste recanto da Paraíba.
Somente em onze dias, entre o final de junho e o começo deste mês, Conceição registrou dois suicídios, e um terceiro caso ocorreu em Santa Inês, que se limita com o município conceiçoense, totalizando três ocorrências em apenas duas semanas.
O mais recente caso foi nesse domingo, 10: o aposentado por invalidez Paulo Lino da Silva, de 35 anos, tirou a própria vida por enforcamento. Ele residia com a família no sítio Pau Branco, município de Santa Inês, e enforcou-se nas proximidades de casa. Três dias antes, na tarde de 7 de julho, o aposentado Rosalvo Lopes de Sousa, de 72 anos, também se matou, utilizando-se do mesmo meio.
O outro caso foi no dia 26 de junho: Cícero Márcio Sousa Lacerda, de apenas 12 anos, também deu fim à própria vida. O menino residia com a família no sitio Arara, município conceiçoense.
E o drama é regional: somente nos últimos dez meses, o Vale registrou doze ocorrências de suicídio, metade delas de maio para cá: foram quase duas vezes mais suicídios do que assassinatos do final de 2010 até hoje na região. Além dos três casos já relatados, foram registrados mais três suicídios nos últimos dois meses e meio: no dia 4 de maio, a dona de casa Edjane Dantas Matias, de 30 anos, enforcou-se dentro da própria residência: ela morava na Vila São Francisco, em Aguiar, e deixou marido e dois filhos menores; no dia 16 de maio, o comerciante pedrabranquense João Batista Gomes da Silva, de 60 anos, também se matou por enforcamento: o fato ocorreu na casa de um parente, vizinha à padaria da vítima, localizada no centro de Pedra Branca.
Suicídio também em Itaporanga: no dia 8 de junho passado, o ajudante de serviços gerais Agrimal Gomes Medeiros matou-se no banheiro da casa de uma irmã, localizada no loteamento Balduino de Carvalho, deixando esposa, com quem vivia em conflito, e cinco filhos.
Diante do fato de que, somente em dez meses, doze pessoas deram fim à própria vida na região e também avaliando seus arquivos, a Folha conclui que o número de suicídios entre 2006 e 2008 foi bem maior do que o relatado pela pesquisa oficial, ou seja, morreram bem mais do que 16 pessoas vítimas de si próprias nesse período no Vale, que se tornou uma das microrregiões do país com o maior índice de suicídio, que registra maior incidência na zona rural e cuja principal causa é a depressão, conforme relatos da polícia regional com base em depoimento de familiares das vítimas.
Folhadovali