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MPPB denuncia dois envolvidos na matança de animais em Igaracy

O promotor de Justiça de Piancó, José Leonardo Clementino Pinto (Foto: Assessoria)

O Ministério Público da Paraíba protocolou, na manhã desta quarta-feira (18) a denúncia contra dois envolvidos na matança de animais, no município de Igaracy, no último dia 6 de março. O promotor de Justiça de Piancó, José Leonardo Clementino Pinto, denunciou ao Juízo da 2ª Vara Mista da Comarca de Piancó os secretários municipais de Saúde e Infraestrutura, por crime ambiental continuado. O membro do MPPB também remeteu cópia do processo à Procuradoria-Geral de Justiça para que analise a responsabilidade penal do prefeito da cidade, que tem foro privilegiado. Um marchante que teria participado da carnificina está sendo procurado pela polícia.

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Foram denunciados o médico veterinário, José Carlos Maia (que é secretário de Saúde de Igaracy), e o secretário municipal de Infraestrutura, Francisco Edilson Lacerda. “Além dessa ação penal, o MPPB analisa a propositura de ação civil pública por atos de improbidade administrativa, que pode resultar em perda do cargo, inabilitação para o exercício de cargo público, suspensão dos direitos políticos e multa civil dos envolvidos. Em até 30 dias o MP deve concluir essa análise e abrir esta outra ação, agora no âmbito civil”, explicou o promotor Leonardo Pinto.

O caso

Consta na ação penal, que tudo começou após o secretário de Saúde ter sido convocado pela Câmara de Vereadores para que apresentasse uma solução em relação aos cachorros que viviam nas ruas no município de Igaracy. Após comunicar ao prefeito José Carneiro Almeida, e com a anuência deste, o denunciado José Carlos Maia, no dia 5 de março, entrou em contato com o segundo denunciado Francisco Edilson, solicitando três servidores para realizar a captura dos bichos.

No dia seguinte, por volta das 8h, iniciou-se a captura dos cães, mas não só dos que estavam perambulando nas ruas. Segundo apurou o Ministério Público, os servidores municipais passaram nas residências, recolhendo os bichos com o pretexto de que seriam submetidos a exames clínicos para verificação de doenças. Os bichos foram então encaminhados a um prédio abandonado e, apesar de os donos os terem solicitado de volta, isso foi negado.

“Com total inobservância das normas técnicas veterinárias, sem a realização prévia de exames clínicos, baseando-se apenas em seu próprio diagnóstico visual, por ser médico veterinário, o denunciado José Carlos Maia, com requintes de crueldade, auxiliado por pessoa ainda não identificada, maltratou 31 cachorros, dentre eles uma cadela prenha, sob alegação de estarem infectados com leishmaniose, utilizando-se de meios mecânicos e violentos, culminando na morte daqueles”, afirma o promotor, em trecho da ação.

Ainda segundo o processo, os denunciados causaram poluição ambiental ao determinarem o descarte inapropriado, com risco à saúde humana, dos corpos dos animais em uma vala, próxima a um açude, em um terreno de descarte de resídios sólidos. De acordo com o MPPB, o segundo acusado não teria atuado diretamente na morte, mas contribuiu com o crime ambiental diretamente, porque tinha ciência e auxiliou cedendo servidores.

No dia seguinte, após revolta da população, foi realizada perícia no prédio em que ocorreu a carnificina, onde foram achados vestígios de sangue em diferentes locais e alturas. Com o auxílio de uma escavadeira os corpos foram identificados na vala.

Medida cautelar

O Ministério Público requereu que os dois denunciados sejam incursos 31 vezes (o número de animais mortos) no artigo 32, § 2º, da Lei 9.605/1998, na forma do artigo 71 do Código Penal (crime continuado), e também nos artigos 54 da mesma Lei 9.605/1998 e 347 Parágrafo único) do Código Penal, todos na forma do artigo 29 do CP.

Além da ação penal contra os acusados, a Promotoria de Piancó requereu na Justiça que os denunciados fossem afastados das suas funções. O secretário de Saúde já foi afastado após determinação do MPPB, mas foi pedido que o Juízo confirme esse afastamento, em virtude dos resultados do inquérito policial, que resultou na abertura de ação penal pelo Ministério Público.

Fugitivo

O promotor de Justiça, Leonardo Pinto, ressaltou que existe uma terceira pessoa, possivelmente um marchante, que atuou junto ao secretário de Saúde na matança dos animais. Ele teria fugido da cidade e a Polícia Civil trabalha para identificá-lo e localizá-lo. Tão logo isso seja feito, ele também deverá ser denunciado pelo MPPB. A população pode contribuir com a polícia dando pistas sobre a identidade e o paradeiro dessa pessoa.

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