O Senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) cobrou, em discurso da tribuna, a imediata retomada das obras de transposição do Rio São Francisco, e a renegociação das dívidas dos pequenos produtores rurais com o Banco do Nordeste (BNB). “Há uma urgência reclamando providência. A gravidade atual da estiagem no Nordeste, com a ameaça da seca verde, exige ação por parte do Governo Federal, antes que beire o caos e a irreversibilidade”, afirmou Cássio, em discurso feito na tarde desta quarta-feira (21). “O fantasma da seca volta a assombrar o Nordeste, seu povo e sua economia”, disse o senador, ao comentar matéria veiculada na noite da última terça-feira, pelo Jornal Nacional da Rede Globo, que exibiu cenas da falta de alimentos e água para consumo humano e da criação em estados nordestinos.
A imediata retomada das obras da Transposição do Rio São Francisco foi apontada pelo Senador Cássio Cunha Lima como uma medida vital para o abastecimento das regiões alcançadas pelo projeto. “Mas é preciso, não só retomar, mas principalmente acelerar o ritmo das obras. Muitas oportunidades de trabalho serão abertas, ocupando a mão de obra local e reaquecendo a economia regional”, afirmou o parlamentar paraibano. Porém, as ações emergenciais não podem prescindir do atendimento emergencial feita pelo Exército no abastecimento de comunidades através de caminhões pipas.
“Lembro que a esperada chuva de São José, do último dia 19 de março, não chegou com a suficiência que lhe marca a tradição nordestina. O quadro é preocupante. Sugiro que esta Comissão do Senado, ao promover as inspeções e visitas, também avalie os estragos provocados pela estiagem”, afirmou.
De acordo com o senador Cássio Cunha Lima, as ações do governo Fernando Henrique, como a estabilização da economia, rigor fiscal e a fundação das bases para que o governo Lula pudesse impulsionar o programa de distribuição de renda, com as diversas modalidades de bolsas, permitiram, especialmente no Nordeste – região de economia mais suscetível às crises naturais – uma nova perspectiva. “Atestamos que a seca sempre foi, para a população pobre, uma questão de renda e não climática. Como experimentado em muitos países, os programas de renda dinamizaram a economia ao incentivar e potencializar a demanda agregada, estabelecendo novos níveis de consumo.
O Nordeste é uma fronteira reaberta da economia nacional, especialmente no setor terciário. “Entretanto, a estiagem que se anuncia numa espécie de “seca verde” atingirá a população, em geral, na sede; e a economia, na produção doméstica – para consumo próprio, de pequenos proprietários”, afirmou Cássio em seu discurso.
Em recente audiência pública com representantes do Banco do Nordeste, na Comissão de Desenvolvimento Regional, Cássio chamou a atenção para o desvirtuamento da política do governo Federal para a agricultura nordestina, quando aquela instituição dá um tom de atividade exclusivamente financeira para um programa de incremento regional. “Seria oportuno que o governo, considerando a situação climática que se anuncia, pudesse reeditar, repristinando-as, as medidas provisórias que permitiram um repactuamento das dívidas de agricultores e pequenas indústrias junto ao BNB”, cobrou o parlamentar.
Segundo Cássio, “há uma urgência reclamando providência, antes que a história moderna revele um Brasil mais desigual do que já foi, em desatenção a um dos objetivos fundamentais mais caros à democracia republicana que adotamos. Refiro-me ao inciso III do art. 3˚ da Constituição Federal, que nos exige: erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”.