As primeiras sombras de 2018

“Deus que me conceda esses últimos desejos — Paz e Prosperidade para o Brasil.” (D. Pedro II)
Francisco Jarismar de Oliveira (Mazinho)| Colunista

As dificuldades de 2017 não ficaram para trás. Uma mudança no calendário nunca foi, nem será, suficiente para impactar qualquer aprimoramento significativo no homem, tampouco na sociedade. As modificações coletivas são frutos, historicamente grafados, da reforma íntima de cada um de nós. Eis o desafio nosso de cada dia. Não só para 2018, mas para toda a vida.

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2017 foi um ano penoso de se viver. Uma estiagem que se prolonga por meia década, generalizando o sofrimento sobre os homens, os animais e também escancarando o descaso e a inoperância dos nossos gestores. Nada de efetivo foi feito até o presente restando a Deus, mais uma vez, o compromisso das chuvas. Abaixo das nuvens vivemos em um colapso hídrico anunciado: a maior seca dos últimos 100 anos.

Não obstante o desespero da seca, vivemos sob um governo que assola o país e seus trabalhadores com reformas desestabilizadores de qualquer garantia social. A aprovação da Lei de Terceirização Ampla e da Reforma Trabalhista jogaram por terra qualquer dignidade conquistada pelo trabalhador brasileiro em mais de meio século. Trocar a honradez de um salário fixo, direitos previdenciários e estabilidade pela migalha de algumas horas terceirizadas, não me pareceu um bom negócio para o trabalhador assalariado, já para os empregadores foi um gracejo e tanto.

O governo federal e o Congresso Nacional trabalharam ferozmente na redução da segurança dos trabalhadores, sob o pretexto de garantir crescimento econômico. Uma recuperação financeira que fecha os olhos e abafa qualquer taxação de dividendos sobre as fortunas, grandes heranças e aumento de imposto de renda dos mais ricos. Que promove a isenção tributária sobre grandes petrolíferas que estão se instalando no Brasil; perdão de dívidas dos grandes latifúndios; venda do patrimônio e território nacional, além de setores estratégicos como o de energia elétrica.

Para nós, restou um aumento de 14% na tarifa de energia, com mais 9% previsto para o início de 2018. A duplicação do preço do botijão e combustíveis em apenas 18 meses. Herdamos também o congelamento do teto dos gastos públicos com saúde, educação e segurança por vinte anos. Ou seja, nenhum dos próximos quatro presidentes poderá realizar qualquer gasto a mais do legislado para as próximas duas décadas.

Sem alarde, mas acho que muitos de nós retornaremos ao fogão de lenha, à luz de velas e retomaremos as velhas caminhadas a pé e aos passeios de bicicleta. Até onde chegamos e para onde vamos? Me recuso a qualquer antevisão para as futuras gerações, mesmo não tendo este poder. É tudo muito temeroso de imaginar. A começar pelos R$ 17,00 de aumento do salário mínimo, ou seja, 1,81% (Galopamos de volta para 1994!). Eis o primeiro sorriso sarcástico de 2018 para todos nós.

A triste realidade é que uma trupe do mal surrupiou a democracia, instalou-se no país e insiste em implementar um programa que jamais sobreviveria as urnas. Aos mais ricos todos os benefícios, concessões, anistias, perdões e isenções; aos trabalhadores a conta da inflação, arrocho salarial, desemprego, perda de direitos e a volta ao mapa da fome.

Contudo, há os que dizem que a vida está pior e outros que acham que é melhor assim! Mas fiquemos com os que acreditam que o brasileiro não desiste nunca. Nós vergamos mais não quebramos! Já foi dito.

FRANCISCO JARISMAR DE OLIVEIRA (Mazinho)
Licenciado em História pela UFPB
Servidor Público Federal do IFPB