Do descontentamento à evolução política
Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam. (Platão)
Sábio Platão. Ainda mais quando somamos à sua fala uma constatação de Oscar Wilde ao anunciar que “o descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou de uma nação.” Isso nos leva a crer que estes dois fachos de luz nos revelam o estado de fervura evolutiva que vivenciamos nós, brasileiros.
2018 inicia como um ano de grandes decisões. Momentos em que poderemos delegar mais ou menos ventura para o futuro da nação. Teremos eleições para os cargos majoritários, assembléias estaduais e congresso nacional e com ela a oportunidade singular de nos soerguermos do tropeço.
Mas, tudo deve ser trabalhado com muita atenção, sobriedade, inteligência, determinação e coragem, muita coragem. Afinal, esse será o nosso momento dentro do processo político-partidário. O único intervalo – nas sombras em que nos envolvemos – onde teremos a luz nas mãos.
Alentemos a atenção, para não nos deixarmos manipular pela mídia e seu falso compromisso com a democracia em nosso país. Cuidemos em não nos restringirmos a uma única fonte de informações e a partir dela direcionarmos o nosso voto. Atenção para os falsos salvadores da pátria. Não existem! O messianismo político é um dos maiores dramas desse país. Por ele, o caos foi instalando-se paulatinamente com a colaboração de todos nós a cada eleição. Creiamos que a alternativa, e responsabilidade, da redenção recaem sobre os seus patrocinadores diretos, ou seja, todos nós.
Cultivemos a sobriedade, não nos permitindo embriagar pela disseminação do ódio a esse ou aquele partido; a essa ou aquela personalidade. Lembremos que esse sentimento é uma paixão que conduz ao mal que se faz ou se deseja a outrem. E raiva, ira e rancor violento nunca foram soluções para nenhum conflito, pelo contrário, só agravam ainda mais um quadro enfermiço, quando não descambam para a anarquia ou o sangue derramado.
Cultuemos a inteligência em não alimentar, nem incitar o ódio. Assim, nos desvencilhamos da cegueira do fobismo e atuamos com mais lógica e raciocínio sobre o real e factível dentro da legalidade. Propaguemos opções que resultem em benefícios coletivos e não no massacre de um lado sobre outro. Afinal, somos todos filhos da mesma pátria mãe gentil e fomentar o cissionismo social é antipatriótico.
Agucemos a determinação, para acreditar que temos todas as ferramentas necessárias para rearranjar nossa moral cívica e política para o rumo certo. Não esmoreçamos, nem nos deixemos quebrantar pelo pessimismo. Ainda somos uma nação jovem e com muito a aprender. Não se transplanta modelos sociais ou econômicos de uma nação para outra. Cada povo vive e faz sua história pelo seu próprio aprendizado. Somos timoneiros do futuro do Brasil.
Precisaremos de coragem (e muita!), para não ceder ao egocentrismo que se apropria da verdade; ao radicalismo que não enxerga no outro uma possibilidade; à indiferença não reconhecendo que os problemas são públicos; à intolerância que deságua no mar da violência e afoga a todos.
João Batista Figueiredo, nosso trigésimo presidente e último do regime militar, nos disse certa vez que “um povo que não sabe nem escovar os dentes não está preparado para votar”. Quero acreditar que nossas cáries diminuíram e a assim como já aprendemos a boa escovação dos dentes vamos escovar, também, as urnas.
Por fim, mais coragem transmutada na lucidez de compreender que não sou eu, nem você que vai resolver tudo sozinho, que essa nação precisa de todos nós, juntos, unidos a lhe prestar o clamado socorro no dia 3 de outubro!
FRANCISCO JARISMAR DE OLIVEIRA (Mazinho)
Licenciado em História pela UFPB
Servidor Público Federal do IFPB