“Eu repito com a convicção mais veemente: a verdade está a caminho, e nada vai impedi-la”
“Estarei com vocês, se quiserem, pelo tempo que possa ser útil, e se a natureza não decidir antes de mim. Nem um minuto antes, nem um segundo depois. Agora compreendo que o meu destino não era vir ao mundo para repousar até o fim da minha vida” (Fidel Castro)
Intitulamos o texto com a frase do grande escritor, romancista e jornalista francês Émile-Edouard-Charles-Antoine Zola (1842-1902). Com isso queremos abrir as janelas e futuramente as portas, para a luz que se enxerga no fim do túnel. O cenário sócio-político-jurídico brasileiro dá os primeiros lampejos do que pode vir a ser a nova ordem brasileira. O feito da prisão do maior líder político da nossa história é proporcional ao absurdo da sua forma. As cenas dos próximos capítulos desse reality show prometem colisões frontais entre seus atores.
Assistimos horrorizados ao conluio soldado entre as elites burguesas e suas mídias maniqueístas, manipuladoras e fomentadoras das “pós-verdades”, um congresso afogado em seu próprio lamaçal e, por fim, um judiciário de togas alugadas. Resultado dessa coalisão: um país dividido pelo ódio alimentado nas mídias, uma elite política de costas para o povo, uma presidenta cassada sem crime e um ex-presidente condenado (e preso) sem provas.
Os fatos da última semana nos levam a acrescer mais um precioso documento na nossa história. Depois da “Carta de Achamento”, de Pero Vaz de Caminha, de Getúlio Vargas haver escrito sua “Carta Testamento”, vem Luis Inácio LULA da Silva e grafa, para o futuro, o seu mais emocionante discurso e nele afirma “- …eu não sou mais um ser humano, eu sou uma ideia, uma ideia misturada com a ideia de vocês”.
A prisão de Lula já era certa. Restava saber se os seus algozes conseguiriam fechar o ciclo do Golpe de 16 com todas as pompas sonhadas. Com a total desmoralização política daquele que hoje figura como o maior corrupto da história do Brasil (para “os coxinhas”), ou a maior liderança popular deste país desde a chagada das caravelas (para o restante da população).
Mas, um mito (esse, sim!) não é humano. É uma instituição, uma ideia, uma vontade indomável que reside na mente e no peito de cada um dos seus herdeiros. Um mito verdadeiro é irredutível quando afirma que “Eles vão descobrir que o problema são todos vocês. Minhas ideias já estão pairando no ar e não tem como prendê-las!”
O mito, a lenda, o inimaginável filho de dona Lindu, frustrou o espetáculo midiático dos infames e protagonizou o evento de sua prisão justamente como os morcegos togados não queriam. Lula expôs, desnudou a podridão do judiciário brasileiro e no futuro, distante da histeria atual, a história examinará as sentenças preferidas e os votos revelados. Lá, não encontrarão “atos de ofício” condenatório do réu, tampouco coerência nos votos dos togados do STF.
Foram 34 horas de reclusão no sindicato dos metalúrgicos, berço da luta dos trabalhadores, da luta pelas diretas, pela redemocratização do país e depois 55 minutos de um discurso que ecoará para sempre na nossa história. Aos seus carrascos fica a decepção pela canonização política do líder popular, que no alto dos seus 72 anos, ferido pela morte da companheira Marisa, ainda lhes perturbará o sono, mesmo enjaulado.
“A verdade está a caminho” e vem montada nos rodopiantes ventos de uma sociedade cansada de ser estuprada pelos grileiros da política nacional, pelos posseiros do judiciário (habitat preferencial das elites). Para estes deixamos um recorte da carta de Émile Zola, “Eu Acuso”, onde indaga: – “Quanta gente não conheço que, diante de uma possível guerra, treme de angústia sabendo em que mãos está a defesa nacional? E a que ninho de baixarias, fofocas e esbanjamentos está entregue esse lugar sagrado, onde se decide o futuro da pátria?
A conclusão do Golpe de 16 com a prisão de Lula e a exposição fétida das nossas instituições, serão o óleo a alimentar os candeeiros que nos guiarão na busca da verdade nacional. Agora, sim, desta vez, sabendo verdadeiramente contra quem estamos lutando!
FRANCISCO JARISMAR DE OLIVEIRA (Mazinho)
Licenciado em História pela UFPB
Servidor Público Federal do IFPB